De Paredes de Coura vê-se o outro lado do mundo

\t\tNão vamos mais longe (aliás, nem podíamos): Nova Zelândia! O DN encontrou dois jovens do avesso do mundo em Paredes de Coura .

Querem melhor exemplo do alcance do festival ? James e Nick vivem, contudo, em Taiwan. Têm ambos 32 anos. O primeiro é professor de inglês, o segundo procura emprego, mas na terra natal era músico, já tendo feito parte, assinala o amigo, de bandas "nacionalmente conhecidas".

E o que fazem em Coura dois nativos dos antípodas? "Viemos a Portugal por causa disto, é verdade", convence--nos James. "Uns colegas meus já me tinham falado, mas fui à Internet e passei-me com o cartaz, que tem as minhas bandas favoritas. Pensei: é o melhor festival do mundo!". As bandas favoritas? Vamos lá a saber: "Sonic Youth, Spoon, que me foram apresentados por uns amigos texanos lá de Taiwan, e Architecture in Helsinki". Nick completa: "E Dinosaur Jr!". Riem-se um para o outro, antecipando o fartote.

Para já, estão deliciados com o que encontraram. "Os portugueses são muito parecidos com os neozelandeses, simpáticos e extrovertidos. Ainda ontem, por exemplo, um grupo de gente veio oferecer-nos um charro. A partir daí, jantámos juntos e ficámos amigos." Talvez James esteja a sobrevalorizar as nacionalidades e a subestimar o facto de a ganza ser um país, mas desculpa-se-lhe: afinal, chegou de fresco.

A conversa duraria o que fosse preciso, mas já o palco After Hours (que mudou de sítio e pode agora ter duas a três mil pessoas na assistência) se preparava para receber a melancolia ébria dos Devotchka - e a dupla da Oceânia revelava curiosidade, até porque, momentos antes, havia presenciado e aprovado a parte final do concerto dos portugueses Sizo. "Foi pena termo-nos atrasado, mas deu para ver que eles rockam!" Desejos mútuos de bom festival e, pronto, ficava selado um encontro feliz.

Por estes dias, Paredes de Coura não é só um festival . Além dos quatro palcos do recinto, há pelo menos dois na vila, onde, à hora dos primeiros concertos de recepção aos campistas, decorriam as festas populares do concelho, com bailarico marcado pela mistura de públicos e de estilos. "Já estou arrependido de ter pago 70 euros!", confessava João Pedro, de Vila Franca de Xira, explicando, de olhos postos nas coelhinhas tipo Playboy que adornavam o espectáculo dos Império Show: "Aqui é que uma pessoa se diverte, isto é uma maravilha!"

Já ontem, ao início da tarde, chegou a primeira má notícia, com o cancelamento do concerto dos suecos Mando Diao. O motivo, segundo o site oficial, é bizarro: uma bad cold (constipação forte) que afectou a banda toda. Enfim, no melhor pano cai a nódoa. Nada que manche a alegria do Alto Minho.

PASTO As vacas minhotas já não passam sem música. Tiraram-lhes Vilar de Mouros, mudaram-se para Paredes de Coura , onde erva também não falta. Ei-las aqui, em plena pose de banda rock, com a 'vacalista' à frente dos outros 'múúsicos', provocando o fotógrafo. Se isto não é atitude festivaleira, o que será?

TEMPOS LIVRES Na praia fluvial do Tabuão há quem se deli-cie com saltos mortais para a água. O tempo tem estado propício e ontem, apesar de um começo de dia cinzento, ninguém acreditava nas previsões que davam chuva para hoje. Molhar por molhar, é bem mais agradável um mergulho. E não faz lama.

ASSOBIO Nas pausas, há que informar amigos e familiares do que se vai passando em Paredes de Coura . Ou então namorar à distância. Para tal, o telemóvel é um auxiliar precioso. O assobio de 'Young Folks', dos Peter, Bjorn & John, que actuam amanhã, já serve de toque a muitos dos aparelhos que circulam pelo recinto.

Novas do novo palco

Antes de estrear o Palco Heineken, de tipologia nunca antes usada em Portugal, Andy Spence, guitarrista dos New Young Pony Club, falou ao DN. "É excitante, porque esta vai ser a nossa estreia num festival mediterrânico". Acabado de chegar ao recinto, referiu apenas a qualidade do cartaz, destacando "Sonic Youth e CSS". Para o concerto prometeu "flirtar com a audiência". Quanto ao rótulo de new ravers, disse ser "invenção da imprensa".