De Mario Monti ao cómico Beppe Grillo todos querem ser primeiro-ministro

Os protagonistas das eleições legislativas, no domingo e na segunda-feira, em Itália são quatro, Mario Monti, Silvio Berlusconi, Pier Luigi Bersani e Beppe Grillo, com 19 listas a apresentarem-se à Câmara dos Deputados e 16 ao Senado.
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O primeiro-ministro cessante Mario Monti, de 70 anos, anunciou - a 25 de dezembro - que ia entrar na arena política e, uma vez que não se pode candidatar por ser senador vitalício, várias formações centristas realizaram um trabalho minucioso para que o antigo comissário europeu possa repetir o mandato.

A 04 de janeiro, Monti apresentou a lista Eleição Cívica, que coligada com a União dos Democratas Cristãos (UDC) de Pierferdinando Cassini, e Futuro e Liberdade (FLI) de Gianfranco Fini, reúne 16% das intenções de voto, de acordo com as últimas sondagens.

Monti abandonou o tom pedagógico de primeiro-ministro para mostrar uma atitude mais agressiva, defendendo as medidas adotadas durante o seu executivo e apresentando-se como o único polício capaz, e com experiência, para liderar Itália.

Não só Bersani e o Partido Democrata (PD), formação que acusou de "estar implicada" no escândalo do terceiro banco do país, o Monte Paschi de Sienna, como Berlusconi, o seu alvo favorito, foram alvos das críticas mordazes de Monti.

A Berlusconi, chamou "flautista de Hamelin" e "encantador de serpentes", devido à última proposta de devolver aos contribuintes o imposto predial sobre a primeira casa e que Monti reinstituiu.

"Pela primeira vez, de maneira científica, os votos dos italianos são comprados com o dinheiro que tiveram de desembolsar para tapar os buracos criados por quem agora faz promessas", disse o antigo comissário europeu para a Competência.

Esta proposta, com a qual Berlusconi pretendiam conquistar votos, poderá também resultar na perda de confiança dos mercados em Itália e destruir todo o trabalho de credibilidade económica e de imagem desenvolvido nos 13 meses do governo de Monti, de acordo com analistas.

O antigo primeiro-ministro Berlusconi, de 76 anos, apresenta-se como cabeça de lista para o Senado (câmara alta do parlamento), pelo partido Povo da Liberdade (PDL), que concorre às eleições com o antigo aliado a aliança Liga do Norte.

Depois de registar uma queda de 10% nas sondagens, Berlusconi conseguiu subir até entre 28 e 30%, graças à proposta de devolução do imposto predial, que fez tremer aqueles que seguem as orientações de Bruxelas.

Por seu lado, o líder da coligação de centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, de 62 anos, com intenções de voto a rondar entre os 34 e os 38%, está disposto a devolver a Itália as políticas sociais destruídas pelas medidas de austeridade impostas por Monti, sem abandonar o caminho de recuperação económica e de crescimento.

Oriundo do Partido Comunista, Bersani apresenta-se a estas eleições como um candidato capaz de acabar com a "confusão e a opacidade" em Itália, criada pela direita italiana e as promessas feitas nos últimos dez anos.

Bersani apresenta-se com o carismático Nichi Vendola, líder do movimento Esquerda, Ecologia, Liberdade, que representa a corrente mais progressista do centro-esquerda com um programa baseado na conversão ecológica da economia.

Nascido num ambiente de ideologia comunista e fé católica, Vendola, de 55 anos, homossexual, preocupado com o ambiente, é o fundador da Associação Lésbica e Gay italiana.

Finalmente, o líder do Movimento Cinco Estrelas, o cómico Beppe Grillo, acolhe os desencantados da política italiana, apesar dos traços populistas e demagógicos. O movimento anti-político tem 16% das intenções de voto.

Grillo, de 63 anos, foi adquirindo protagonismo na cena eleitoral e chegou a ser o vencedor moral das eleições municipais italianas, de 2012, nas quais conquistou a câmara de Parma, importante cidade no norte do país.

Ausente dos programas televisivos, Grillo pretende "renovar e limpar" a política através de um "movimento cidadão", baseado na participação popular, e para isso escolheu os candidatos pela Internet, entre várias profissões, domésticas, estudantes, desempregados, mas nenhum político profissional.

A indecisão, mais do que a abstenção, vai ter um enorme peso nestas eleições, especialmente os cinco milhões de eleitores que decidem o sentido de voto no último minuto.

De acordo com as sondagens, 30% dos italianos ainda não decidiram em quem votar ou até se vão votar

Em Itália, a abstenção costuma ser baixa - nas últimas eleições de 2008 alcançou o máximo do escrutínio anterior com 19,6% - e só uma parte dos indecisos finalmente não vota.

Nas eleições de 2008, apenas 11% dos indecisos decidiram votar.

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