De Humberto Coelho a Pepe, uma lista de "bons filhos" que tornaram a casa

Internacional português volta a vestir a camisola do FC Porto e junta o seu nome a uma lista histórica de regressos
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Quase 12 anos depois, Pepe está de volta ao futebol português e ao FC Porto, clube que o projetou para o palco internacional e de onde saiu rumo ao Real Madrid, a troco de 30 milhões de euros, em 2007.

Aos 35 anos, Pepe volta com o currículo reforçado por três Liga dos Campeões, dois Mundiais de Clubes e uma Supertaça Europeia, além de outros títulos domésticos, no Real Madrid, e de um título europeu de seleções por Portugal. Um palmarés recheado para um defesa central que se tornou uma das principais referências mundiais na sua posição ao longo da última década.

No FC Porto, cumprirá mais duas épocas e meia, projetando um final de carreira no clube onde começou a ganhar dimensão internacional. E junta assim o seu nome a uma lista de jogadores que optaram pelo regresso a casa, no futebol português, depois de aventuras (curtas ou longas) internacionais. O DN lembra aqui alguns desses casos mais marcantes.

Humberto Coelho (Benfica - PSG -Las Vegas Quicksilvers - Benfica)

O atual vice-presidente da FPF para as seleções saiu do Benfica rumo ao PSG em 1975, depois de ter deliciado os dirigentes franceses num particular da seleção nacional em França, que Portugal venceu por 2-0.

Na altura, o PSG tinha cinco anos de existência e estava longe de ser o clube milionário que é nos dias de hoje. Humberto Coelho ficou pouco mais de uma época, foi treinado por Just Fontaine (o recordista de golos marcados numa só edição de um campeonato do mundo, com 13, em 1958), entrou em conflito com o técnico seguinte, Vasovic, e regressou à Luz em 1977, não sem antes fazer uma perninha no Las Vegas Quicksilver, onde estava Eusébio.

Voltou ao Benfica com 27 anos e ainda ganhou três campeonatos, três taças de Portugal e uma Supertaça, além de ter jogado a final da Taça UEFA em 1983.

Fernando Gomes (FC Porto - Sp. Gijon - FC Porto)

O "bibota", como ficou conhecido devido às duas Botas de Ouro conquistadas (um feito na era pré-Cristiano Ronaldo), aproveitou o célebre "verão quente" do FC Porto, em 1980 - com as saídas de Pedroto, Pinto da Costa e vários jogadores, em rutura com o então presidente Américo de Sá - forçou a saída para o Sp. Gijón, que pagou 40 mil "contos" (na antiga era dos escudos) pelos serviços do goleador português de 23 anos.

Voltaria em 1982, aos 25 anos, já com a dupla Pinto da Costa/Pedroto de regresso ao clube, após a primeira eleição do atual presidente, que o resgatou de Gijón.

Na sua segunda passagem pelo FC Porto, Gomes conquistou mais 3 títulos, 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças. Foi também campeão europeu, vencedor da Supertaça Europeia e campeão do mundo, em Tóquio. E ganhou mais três vezes o título de melhor marcador do campeonato, antes de se retirar no Sporting.

Carlos Xavier e Oceano (Sporting - Real Sociedad - Sporting)

Fizeram o mesmo percurso de ida e volta, em simultâneo, saindo de Alvalade em 1991 para se tornarem uma respeitada dupla de estrangeiros no País Basco, ao serviço da Real Sociedad treinada pelo galês John Toschack, que já os conhecia da passagem pelo Sporting.

Em 1994, já trintões (32), voltaram a Alvalade. Carlos Xavier fez mais duas temporadas, Oceano mais quatro, ganhando ambos uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

Mozer (Benfica- Marselha - Benfica)

Figura do Flamengo dos anos 80, teve o Benfica como porta de entrada no futebol europeu. Na Luz, chegou a uma final europeia (1988, contra o PSV) e fez duas épocas em grande, chamando o interesse do Marselha, para onde saiu em 1989.

Regressou ao Benfica três anos depois, com 31 anos, para ganhar uma Taça de Portugal e um campeonato em mais três épocas de águia ao peito. Acabou a carreira no Japão.

Ricardo Gomes (Benfica - PSG - Benfica)

Tal como Mozer, também Ricardo Gomes chegou à Luz no final dos anos 1980 como um conceituado central brasileiro trazido pelo empresário Manuel Barbosa para o futebol europeu. Chegou à Luz em 1988, um ano depois de Mozer, e ficou três temporadas, também com uma final europeia pelo meio (1990), antes de se transferir para o PSG, do técnico português Artur Jorge.

Seria também com Artur Jorge que regressaria à Luz, em 1995, aos 30 anos, para mais uma época, a última da sua carreira, pontuada com a conquista da Taça de Portugal

Valdo (Benfica - PSG - Benfica)

Outro internacional brasileiro, este um número 10 puro, que chegou ao Benfica no final da década de 80 do século passado, na mesma altura de Ricardo Gomes. Valdo deixou uma marca de classe na Luz, ao longo de três temporadas, e saiu com Ricardo Gomes para o PSG de Artur Jorge, em 1991.

Também regressou em 1995, mas ao contrário de Ricardo Gomes, que só fez uma época, Valdo ainda jogou mais duas na Luz, antes de prosseguir a carreira, por várias outras paragens, até aos 40 anos.

Rui Barros (FC Porto - Juventus - Mónaco - Marselha - FC Porto)

A formiga atómica, como era conhecido, impressionou a Europa com a sua velocidade quando o FC Porto ganhou a Supertaça Europeia, em 1987, ao Ajax de Amesterdão treinado por Johan Cruyff. Na temporada seguinte, a Juventus paga ao FC Porto mais de 600 mil contos pelo médio de 1,56 metros que ninguém conseguia agarrar.

Ganhou uma Taça de Itália e uma Taça UEFA na Juve, numa era em que o calcio se dividia entre o Milan de Arrigo Sacchi e o Nápoles de Maradona, e duas épocas depois mudou-se para o Mónaco, onde se tornou o pequeno príncipe do futebol monegasco, às ordens de Arsène Wenger. Em França ficou quatro temporadas, a última das quais no Marselha.

Regressou ao FC Porto em 1994, aos 29 anos, para fazer parte da histórico grupo de jogadores que conquistou o penta.

Vítor Baía (FC Porto - Barcelona - FC Porto)

Pelos dragões, o guarda-redes estreou-se com apenas 19 anos, em 1989, e rapidamente se tornou um nome histórico das balizas nacionais, batendo recordes de minutos sem sofrer golos.

Com estatuto indiscutível na sua geração, mudou-se para Barcelona em 1996, com Bobby Robson, que o tinha treinado no FC Porto, tendo os catalães pagado mais de um milhão de contos (qualquer coisa como 6,5 milhões de euros atuais)

Em Barcelona, no entanto, não foi feliz com a chegada de Louis Van Gaal ao comando técnico. Regressou ao FC Porto em 1999, perto dos 30 anos, para viver mais uns anos dourados que contemplaram o último ano do penta, as conquistas europeias com José Mourinho e vários outros campeonatos e taças, para um totoal de 33 troféus com que fechou a carreira em 2006/07.

Nuno Gomes (Benfica - Fiorentina - Benfica)

Contratado ao Boavista em 1997, Nuno Ribeiro, que "adotou" o apelido de Gomes devido à admiração pelo "bibota" de ouro Feranndo Gomes, estava na Luz há três anos quando a excelente campanha no Euro 2000 convenceu os italianos da Fiorentina a pagarem 17 milhões de euros por ele, aos 23 anos.

Duas temporadas e uma falência do clube italiano depois, voltou à Luz, onde ficou mais dez temporadas, com dois títulos nacionais, uma Taça de Portugal, três Taças da Liga e uma Supertaça conquistadas. Deixou o Benfica em 2010 e fez mais duas épocas como jogador: uma no Sp. Braga e outra no Blackburn Rovers, onde pendurou as botas aos 36 anos.

Sérgio Conceição (FC Porto - Lazio - Parma - Inter - Lazio - FC Porto)

O atual treinador portista deixou as Antas rumo a Itália em 1998, para vestir as cores da Lazio, e ficou pelo calcio durante cinco temporadas, vestindo ainda as camisolas do Parma e do Inter.

Em janeiro de 2004 regressou ao FC Porto, a meio da época que haveria de ver o dragão ganhar o seu segundo título europeu, sob o comando de José Mourinho. Sérgio não pôde jogar na Liga dos Campeões, por já ter feito jogos europeus pela Lazio, mas contribuiu para mais um título nacional, o seu terceiro pelos portistas enquanto jogador.

Depois dessa meia época de regresso, voltou a sair, para mais seis anos a jogar no estrangeiro, entre Bélgica, Kuwait e Grécia.

Hugo Viana (Sporting - Newcastle - Sporting)

Formado em Alvalade, Hugo Viana foi campeão no Sporting em 2002, aos 19 anos, no seio de uma super-equipa que contava com jogadores como João Vieira Pinto, Pedro Barbosa, Sá Pinto ou Jardel, aos comandos de Boloni.

A classe do seu pé esquerdo despertou o interesse do Newcastle de Bobby Robson, para onde se mudou na época seguinte. Mas a adaptação ao futebol inglês não foi a melhor maneira e, depois de duas temporadas em Inglaterra, Hugo Viana regressou a Portugal e ao Sporting.

Em 2004/05, sob o comando de José Peseiro, fez parte da equipa que esteve perto de novo título nacional e que chegou à final da Taça UEFA, perdida em Alvalade para o CSKA. Voltaria a emigrar no final dessa temporada (Valência) e regressaria a Portugal de novo em 2009, mas então para o Sp. Braga.

Rui Costa (Benfica - Fiorentina - Milan - Benfica)

Desde que deixou o Benfica rumo à Fiorentina, em 1994, depois de se sagrar campeão nacional, que Rui Costa tinha um regresso prometido. Uma promessa que se foi arrastando por 12 temporadas, durante as quais o "maestro" foi espalhando classe nos relvados da Serie A italiana, entre Fiorentina e Milan.

Em 2006, com 34 anos, Rui Costa voltou mesmo à Luz. Uma nova Luz. E jogou mais duas temporadas de águia ao peito, sem qualquer troféu, antes de despir de vez a camisola 10 para se tornar administrador da SAD encarnada.

Sá Pinto (Sporting - Real Sociedad - Sporting)

Tal como Carlos Xavier e Oceano antes dele, também Sá Pinto experimentou a rota Alvalade - San Sebastian - Alvalade na sua carreira.

Contratado ao Salgueiros em 1994, Ricardo Sá Pinto rapidamente se tornou um dos jogadores mais queridos dos adeptos leoninos, pela garra do seu futebol. Em 1997, deixou Alvalade rumou a Espanha depois de ter agredido o selecionador nacional Artur Jorge.

Ficou três anos na equipa basca e voltou ao Sporting no ano 2000, com 27 anos, para ganhar um título nacional em 2002. Representou os leões até 2006, mas foi fazer ainda um ano final da carreira no Standard Liége.

Ricardo Quaresma (FC Porto - Inter - Chelsea - Besiktas - Al Ahli - FC Porto)

Formado no Sporting, Ricardo Quaresma chegou ao FC Porto pela primeira vez em 2004, depois de uma época sem conseguir singrar no Barcelona. E foi no Dragão que encontrou o palco ideal para voltar a expor as qualidades que tinha evidenciado em Alvalade ainda adolescente, quando Boloni não teve receio de apostar nele e num tal de Cristiano Ronaldo

Foi tricampeão no FC Porto durante a primeira passagem no Dragão, antes de voltar a emigrar, aos 24 anos, para um percurso errante pelas ligas italiana (Inter Milão), inglesa (Chelsea), turca (Besiktas) e dos Emirados Árabes Unidos.

Regressou ao FC Porto em 2013, perto dos 30 anos, e fez mais duas temporadas no Dragão, sem qualquer troféu, antes de regressar ao Besiktas.

Lucho González (FC Porto- Marselha - FC Porto)

"El Comandante" argentino chegou ao FC Porto em 2005, vindo do River Plate, e rapidamente conquistou o coração dos adeptos portistas. Isso e troféus: em quatro anos no FC Porto sagrou-se tetracampeão nacional.

Mudou-se para o Marselha em 2009, a troco de 18 milhões de euros, e em França passou duas temporadas e meia, antes de voltar ao Dragão em janeiro de 2011, com 30 anos, para ganhar mais dois títulos de campeão português. Em janeiro de 2014, Lucho González deixou definitivamente (?) o FC Porto, rumo ao Qatar.

Nani (Sporting - Man. United - Sporting - Fenerbahce - Valência - Lazio - Sporting)

Ainda menino, aos 20 anos, em 2007, tornou-se o jogador mais caro vendido pelo Sporting até então (25,5 milhões de euros), rumo ao Manchester United, onde foi encontrar outro ex-leão, Cristiano Ronaldo.

Este sete temporadas ao mais alto nível em Old Trafford, até que, em 2014, a perder espaço nas opções principais do United, aceitou um primeiro regresso ao Sporting, por empréstimo, como moeda de troca na saída de Marcos Rojo.

Nessa segunda passagem por Alvalade, Nani conquistou mais uma Taça de Portugal, mas no final da temporada voltou a fazer as malas e nadou então em "digressão" por Turquia, Espanha e Itália antes de, no início desta época, vestir de novo a camisola do Sporting, aos 31 anos.

Pepe (FC Porto - Real Madrid - Besiktas - FC Porto)

E agora é então Pepe quem está de regresso ao futebol português, para o clube de onde saiu rumo ao Real Madrid, em 2007.

"O FC Porto é uma família e esta cultura deixa-me bastante feliz. Deram-me bastantes coisas e é um privilégio voltar a vestir esta camisola. Deixei claro ao Pinto da Costa e ao Sérgio Conceição que vim para competir. Quero competir e fazer parte desta família. O grupo é espetacular e quero dar o meu contributo com trabalho. Vou treinar a 100% para poder honrar esta camisola", afirmou esta terça-feira o internacional português, em declarações ao Porto Canal.

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