De cromo informático a escritor de BD
Depois das aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, o próximo livro tem outros cenários e protagonistas. Passa-se na Guiné, durante a guerra colonial, e o título é inspirado numa canção de José Afonso. Porquê Os Vampiros?
Quando comecei este projeto, queria tentar a sorte na escrita de uma narrativa clássica de terror. O título tem três fortes conotações: é uma famosa criatura mitológica, é o nome de um grupo de comandos verdadeiro que combateu na Guiné e é o titulo da icónica canção do Zeca Afonso, censurada pelo regime. A ideia para a história deste livro ganhou forma a partir dessa ligação.
Porquê a guerra colonial?
A minha geração só tem uma noção vaga sobre o que se passou na guerra, e existem mais registos documentais do que ficção sobre o tema. Estava interessado em perceber o pensamento da época, e a Guiné pareceu-me o cenário ideal para o tipo de história que queria contar, uma história sobre a paranóia. O interesse foi crescendo à medida que ia investigando e falando com testemunhas dessa guerra. Fiquei obcecado e percebi que as histórias reais suplantariam a ficção.
Guiné era o pior dos destinos. Um livro sobre a guerra é sempre um livro sobre o medo?
A primeira versão deste livro era muito mais linear e mais preocupada em cumprir as regras de um género - o terror. À medida que fui estudando o tema percebi que não era isso que queria fazer e que seria uma tremenda estupidez tratar o tema de forma leviana. A guerra na Guiné foi terrível, especialmente nos últimos anos. Nunca experimentei medo semelhante e espero nunca experimentar.
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