De Baía a Fernando Gomes. A tradição dos jogadores que regressam ao FC Porto
Iván Marcano, 32 anos, está de regresso ao FC Porto (foi esta quinta-feira oficializado, com contrato até 2023) e dá assim continuidade a uma tradição de muitos anos no Dragão de recuperar jogadores que já tinham alinhado no clube. Na história não faltam exemplos, uns mais marcantes do que outros, a começar desde logo pelo atual treinador Sérgio Conceição. Mas também houve Vítor Baía, Domingos Paciência, Rui Barros, Lucho, Quaresma, Fernando Gomes e mais recentemente Pepe.
No caso do defesa central Marcano, o regresso a 'casa' foi rápido, pois esteve apenas um ano fora, depois de ter representado a AS Roma na época passada, clube para onde se transferiu a custo zero após quatro épocas de dragão ao peito - entre 2014 e 2018 realizou um total de 156 jogos e apontou 14 golos.
Antes de Marcano, e curiosamente para a mesma posição, o FC Porto tinha 'recuperado' Pepe, que chegou em janeiro, a meio da época passada, livre para assinar depois de ter rescindido o contrato com o Besiktas, da Turquia. Pepe voltou à Invicta 12 anos depois de ter saído para o Real Madrid, no verão de 2007, a troco de 30 milhões de euros. O central, que se naturalizou português para jogar pela seleção, tinha representado o FC Porto entre 2004 e 2007, período em que conquistou dois campeonatos nacionais, duas Supertaças, uma Taça de Portugal e uma Taça Intercontinental.
Um dos regressos mais festejados pelos adeptos foi o de Vítor Baía, que em 1996 tinha deixado o clube de sempre (com cinco títulos nacionais), onde se formou, para dar início a uma aventura no Barcelona, na altura treinado por Bobby Robson. A experiência não correu bem e dois anos depois estava de volta ao seu clube do coração. Primeiro por empréstimo e depois de forma definitiva, em 2000. Um regresso triunfal, pois nesta sua segunda passagem conquistou, entre outros títulos, uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões e uma Taça Intercontinental. Terminou a carreira em 2007, numa altura em que era suplente de Helton.
Entre os jogadores que voltaram ao Dragão está também Fernando Gomes, o eterno bi-bota que atualmente integra a estrutura diretiva do clube. Este regresso, aliás, foi assinalado no livro de Pinto da Costa "31 anos de presidências, 31 decisões", onde o líder portista assumiu que assim que tomou como presidente, em abril de 1982, colocou logo em marcha a denominada "Operação Gijón", que passava por recuperar o histórico jogador ao clube espanhol. O problema era que o Sporting Gijón exigia 20 mil contos a pronto e, como contou Pinto da Costa no livro, o FC Porto nem 2000 contos tinha. A solução passou por um empréstimo contraído junto do banco Português do Atlântico. Gomes regressou às Antas no verão de 1982 e ainda conquistou três campeonatos nacionais, três Taças de Portugal, três Supertaças e ainda a Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Saiu em 1989 para o Sporting, onde terminou a carreira.
Sérgio Conceição, o atual treinador, fez parte da sua formação no FC Porto. Mas só entrou na equipa principal em 1997, depois de empréstimos ao Penafiel e ao Leça. Fez duas épocas de grande nível (1996/97 e 1997/98) e rumou ao futebol italiano. Primeiro com destino à Lazio, e depois teve ainda passagens pelo Parma e Inter Milão. A meio da época 2003/04 regressou ao FC Porto, depois de ter rescindido com a Lazio por mútuo acordo, ainda a tempo de sagrar-se campeão nacional. Ficou apenas nessa temporada, assinado logo a seguir pelo St. Liège, onde esteve três épocas. Haveria de voltar uma terceira vez, desta feita para treinar o clube do coração, em 2017/18, conquistando logo o título na sua primeira época no banco dos dragões.
Rui Barros é outro exemplo. A 'formiga atómica', apesar de ter feito a formação nos dragões, apenas jogou uma época no FC Porto, a de 1987/88, na qual o FC Porto além do campeonato e da Taça, venceu a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental. A época foi tão boa que a Juventus o contratou. Ficou duas épocas no clube de Turim. Seguiram-se três no Mónaco e mais um no Marselha. Em 1994 regressou ao FC Porto, onde terminou a carreira em 2000, tendo sido um dos jogadores que participaram na conquista do penta.
Outro regresso histórico foi protagonizado por Lucho González, jogador muito querido dos adeptos, que chegou à Invicta em 2005, oriundo do River Plate, e que rapidamente se tornou num dos grandes jogadores da equipa portista. Realizou quatro temporadas de grande nível (campeão nas quatro) e em 2009 saiu para o Marselha, deixando 24 milhões de euros nos cofres do dragão. Em 2011/12, regressou ao FC Porto, a meio da temporada, ainda a tempo de festejar mais dois títulos de campeão antes de voltar a sair para o Al-Rayyan, do Qatar.
Também Quaresma fez as delícias dos adeptos portistas quando o seu regresso foi anunciado em 2013. O ciganito, formado nas escolas do Sporting, chegou pela primeira ao Dragão em 2004, incluído na transferência de Deco para o Barcelona. Esteve quatro anos ao serviço do FC Porto, onde foi três vezes campeão, mas em 2008/09 foi vendido ao Inter de Milão. Esteve cinco anos fora de Portugal, onde além do Inter jogou por empréstimo no Chelsea, representou o Besiktas e um ano no Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos. Até que em 2013 regressou ao clube que passou a amar, assinando um contrato de duas temporadas. Não foi tão feliz como na primeira passagem e em 2015 saiu para o Besiktas, da Turquia.
Secretário e Domingos Paciência são outros dois exemplos de jogadores que saíram do FC Porto e voltaram. O defesa assinou de forma algo surpreendente um contrato com o Real Madrid na época 1996/97, acabando campeão espanhol e realizando um total de 17 jogos. Mas acabaria por regressar ao FC Porto na época imediatamente a seguir e por lá ficar mais sete temporadas, nas quais ganhou três campeonatos nacionais e uma Taça UEFA. Já Domingos Paciência deixou o Dragão em 1997, depois de ter representado o clube durante dez temporadas e ter sido máximo goleador da equipa durante vários anos. Rumou ao Tenerife, de Espanha, onde esteve duas temporadas. Em 1999 regressou ao seu clube de sempre, numa jogada em que Pinto da Costa o desviou à última hora do Sporting.
"Estava a conduzir, já estava na autoestrada, ali perto da Exponor, quando o meu telefone tocou. Era o presidente Pinto da Costa a perguntar onde é que eu estava. Disse-lhe que estava a caminho de Lisboa para assinar pelo Sporting e ele, de imediato, disse-me para não ir e que ia ter comigo para assinar pelo FC Porto", recordou o antigo ponta-de-lança ao DN em janeiro de 2016.