Das grandes empresas ao 'poker' passando pelo superior

Os melhores jogadores portugueses de 'poker' chegam de diferentes quadrantes
Publicado a
Atualizado a

São todos fãs de desporto e de jogos de estratégia, pelo que o poker foi um destino inevitável. Rute Candeias, Henrique Custódio, Pedro Poças e Renato Almeida formam a equipa Bwin para este ano e, se não fosse esta modalidade, dificilmente se conheceriam. Ainda assim, se olharmos ao seu percurso académico, há pontos de contacto com este fenómeno.
Custódio, o "capitão da equipa", como é visto pelos companheiros, e Renato Almeida estudaram Engenharia. O primeiro concluiu a licenciatura e exerceu a profissão na Siemens. Recebia 900 euros, mas, a partir do momento em que começou a lucrar mais com o poker do que com a mecânica, tornou-se profissional do jogo. E hoje trabalha, que é como quem diz joga, para um dia poder montar o próprio negócio.
Renato Almeida tem 22 anos, ou seja, menos 12 do que o "líder" Henrique Custódio e também foi aluno de Engenharia, informática, neste caso, em Aveiro. Tanto um como outro aprofundaram aspectos como "frieza, rapidez de pensamento, e capacidade de decidir probabilidades" na universidade. "Temos de agir depressa e pensar depressa que é isso que a matemática diz", explica Renato Almeida a propósito da ciência que está presente no poker.
O único estudante do quarteto, Pedro Poças, é também ele um fã de jogos de estratégia e descreve o poker como "um desporto sentado, sem actividade física, mas com intenso desgaste mental". Na Universidade de Évora, aprende Educação Física e Desporto, e é a partir de uma das cidades com uma verve estudantil mais presente que aponta ao poker um problema de foro social: "É um jogo nocturno. Basta imaginar um miúdo de 20 anos que ganha muito dinheiro. Ele não vai querer parar numa fase boa. Quando as coisas não lhe começarem a correr bem, vai ter que digerir essa fase má sozinho e vai ser muito mais complicado." Henrique Custódio corrobora esta tese e chega mesmo a dizer que "o prazer de ganhar é óptimo, mas a derrota gera um sentimento muito negativo, maior do que a alegria da vitória".
Para resolver esta questão foram criados offices, que é como quem diz escritórios onde jogadores amigos se encontram, tal e qual como se se deslocassem de casa para o local de trabalho. O poker é também e principalmente uma profissão, assinala Henrique Custódio, jogador desde há cinco anos e profissional há dois.
Quem sai fora de alguns destes padrões é Rute Candeias, uma coordenadora de loja de uma grande empresa que prefere não identificar, por querer distinguir vida profissional e privada. Primeiro, por ter formação ligada às chamadas humanidades, mais concretamente filosofia, e não à ciência como os seus colegas de equipa. "A maior parte dos jogadores vem de matemática e o poker é dirigido à mente. É necessário ter abstracção, estratégia e conhecimento do pensamento humano. É uma matemática diferente", assinala uma jogadora que vê a modalidade como "um divertimento" e que, ao contrário da restante equipa, nunca viu olhares cépticos da família.
No circuito, é apenas uma das cinco ou seis raparigas a jogar regularmente, mas, ainda assim, sente um grande carinho da comunidade: "Eles respeitam-nos. As mulheres têm uma forma diferente de encarar o jogo. Somos mais comedidas na forma como jogamos."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt