Darwin vai ganhar quatro vezes mais no Liverpool

Avançado uruguaio vai auferir 163 mil euros por semana, quase oito milhoes/ano. Hoje vive uma realidade bem diferente da que passou na infância e parte da juventude, quando por vezes faltava comida na mesa e jogava descalço na cidade uruguaia de Artigas.
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Depois de o Benfica já ter divulgado o acordo com o Liverpool na madrugada de domingo (75 milhões mais 25 em variáveis), o clube inglês anunciou esta terça-feira oficialmente a contratação de Darwin Nuñez, após o avançado (vai usar o número 27) ter completado os exames médicos.

"Estou muito feliz e encantado por estar aqui. É um clube enorme. Joguei contra o Liverpool, vi a equipa em muitos jogos na Champions e é o meu estilo de jogo. Espero poder dar tudo o que tenho para ajudar a equipa", disse Darwin, ansioso por poder conquistar títulos: "Essa é uma das razões pelas quais vim para o Liverpool, para ganhar troféus e títulos. Quero ganhar muitos troféus aqui."

Se para o Benfica o encaixe com a transferência é um balão de oxigénio, a Darwin saiu a sorte grande. Não só em termos desportivos, por ter a oportunidade de atuar num dos melhores clubes do Mundo, mas também financeiramente, porque vai ganhar quase quatro vezes mais do que no clube da Luz.

O avançado uruguaio, segundo avançou ontem o jornal The TImes, vai ganhar 163 mil euros limpos por semana (650 mil euros mensais ou se as contas forem feitas ao ano quase oito milhões). O The Times fez ainda uma comparação entre o ex-Benfica e Erling Haaland, o avançado norueguês que assinou pelo Manchester City. E aqui não há comparação possível, pois o norueguês vai ganhar 500 mil euros por semana - será o mais bem pago de sempre da Premier League.

A história de vida de Darwin é idêntica à de muitos futebolistas, que depois de uma infância pobre tornaram-se milionários à custa do futebol. O uruguaio nunca escondeu as suas origens humildes na cidade de Artigas, uma infância difícil onde nem sempre havia comida em casa. O pai trabalhava na construção civil e a mãe era empregada doméstica.

"Sempre que não havia comida suficiente a minha mãe dava-nos a dela e eu dizia sempre que quando me tornasse futebolista profissional, com dinheiro suficiente para comprar uma casa, lhe daria uma de presente. E assim que me transferi para o Almería foi o que fiz: comprei seis hectares de terra e dei-lhe", contou ao site da UEFA.

Para se ter bem a noção das dificuldades, basta dizer que a mãe de Darwin recolhia garrafas de vidro nas ruas para as vender e conseguir dinheiro para alimentar os filhos. "Fui criado num bairro [El Pirata] pobre e aprendi a partilhar as coisas com os amigos. Assim era na escola, quando não tinha o que comer passava o dia todo na escola e quando saía ia treinar", revelou ao jornal El Observador.

Na mesma entrevista recordou os tempos em que jogava na rua: "Jogávamos descalços e em superfícies com pedras. Era frequente alguém partir ou perder um pedaço de um dedo. Lembro-me muito desses tempos, mas garanto que sou a mesma pessoa."

O futuro de Darwin no futebol começou a ganhar asas em 2013, quando um antigo jogador do Peñarol se deslocou a Artigas para ver uns miúdos jogar. E encantou-se por um rapaz magrinho. Viajou para Montevideu, mas acabou por regressar a casa. Só um ano depois voltou porque lhe garantiram que o queriam.

Nessa altura, Darwin tinha um irmão que também jogava no Peñarol, já integrado na equipa principal, mas que devido a problemas familiares colocou de forma precoce termo à carreira. Mas pediu ao irmão para continuar e dar tudo porque tinha futuro na modalidade. Darwin assim o fez, apesar de um susto com uma lesão grave nos ligamentos que o levou a ponderar se iria continuar a jogar. Continuou e impôs-se no Peñarol, onde ficou três temporadas.

Em 2019 surgiu a oportunidade de vir para a Europa, para o Almeria, da II liga espanhola. Ali ficou uma temporada porque entretanto o Benfica decidiu apostar nele. Seguiram-se duas épocas na Luz, a última de grande nível, com muitos golos e vários na montra da Champions a equipas de topo europeu. Agora o futuro é o Liverpool...

O Benfica comunicou esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a transferência do internacional uruguaio Darwin Nuñez ao Liverpool, formalizando a venda por 75 milhões de euros, com 25 milhões adicionais em variáveis. O clube 'encarnado' já tinha anunciado um acordo na madrugada de segunda-feira, agora referindo que "está confirmada a transferência dos direitos do jogador".

Segundo o clube da Luz, "o acordo prevê o pagamento de uma remuneração variável, pelo que o montante global da alienação poderá atingir o montante de 100 milhões de euros".

Além do já comunicado, as 'águias' dão conta de que os 'reds' poderão "reter o mecanismo de solidariedade para posterior distribuição aos clubes que participaram na formação" do avançado uruguaio.

"Adicionalmente, a Benfica SAD terá encargos com serviços de intermediação de 10% do valor da venda deduzido do montante da solidariedade, e terá ainda de entregar ao Almeria [clube ao qual contratou o jogador] o montante correspondente a 20% do valor da mais-valia obtida com esta transferência, até um limite de 10 milhões de euros", pode ler-se na nota enviada à CMVM.

O internacional uruguaio é a segunda transferência mais cara de sempre do futebol português, depois dos 120 ME pagos pelo Atlético de Madrid aos 'encarnados' por João Félix em 2019, e pode vir a ser o maior investimento da história do Liverpool, depois dos mais de 84 ME gastos no defesa neerlandês Virgil van Dijk.

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