Daqui saiu a relva sintética para o festival NOS Alive
Instalar a sua relva sintética no campo de um dos clubes da I Liga de Futebol em Portugal foi sempre o sonho de Pedro Coelho, administrador da Safina, o único fabricante nacional deste produto. Mas já perdeu as esperanças. O "preconceito" de que a relva sintética "provoca um maior número de lesões nos atletas" e de que favoreceria os jogadores da casa, mais habituados a jogar naquele tipo de relvado, parece ter vencido. "Quando a Liga Portuguesa de Futebol decidiu custear a substituição do relvado do Boavista e proibir relva sintética na I e na II Liga, percebi que nunca iria acontecer", diz Pedro Coelho, o presidente da empresa. Mas nem só de desporto é feito o negócio da Safina. Afinal ainda recentemente forneceu 30 mil metros quadrados para "ajardinar" o espaço do festival NOS Alive, em Oeiras.
Fundada em 1971, a Safina começou por produzir tapetes e alcatifas. Com o declínio do uso das alcatifas houve que encontrar nova área de negócio e a chegada à empresa de Pedro Coelho, em 2003, filho de um dos fundadores, levou à aposta no segmento das relvas artificiais. Hoje, a Safina fatura 13,5 milhões de euros, 60% dos quais nos mercados externos. Espanha é, de longe, o principal destino das relvas da empresa de Cortegaça, seguida de França e dos países do Magrebe. Mas Pedro Coelho quer alargar a projeção externa da empresa, com especial enfoque nos mercados do Golfo, tendo submetido um projeto de internacionalização ao Portugal 2020, bem como outro na área da inovação e desenvolvimento de produto. Em causa estão investimentos da ordem dos 2,5 milhões de euros.
Este é o único produtor nacional de relva sintética e Pedro Coelho garante que se sente o Rio Ave a competir na Champions League. "Na Península Ibérica há quatro grandes fabricantes, mas nós somos o único de cariz familiar, os outros são multinacionais. E este é um mercado muito concorrencial, em que as grandes marcas internacionais têm todas cá o seu distribuidor. Para continuarmos a competir tivemos de licenciar a Safina como empreiteiro para podermos colocar a relva e fazer as obras civis dos campos de futebol."
Além da relva desportiva e de jardim, a Safina produz ainda a relva utilitária, de preço económico. O segmento de lazer assegura 70% das vendas e o desporto os restantes 30%. E se é verdade que o investimento inicial num relvado sintético é bem mais caro do que num relvado natural, já os custos de manutenção "são de um 12 avos", garante. Além disso, lembra o empresário, há que ter em conta as questões ambientais. "A relva natural requer imensa água, que é um bem escasso. A sintética precisa apenas da rega no momento do uso. E, no caso de um campo desportivo, pode ser usado todos os dias da semana com a intensidade que se quiser. A rentabilização do investimento é muito mais rápida."
Pedro Coelho está apostado em tirar partido do know-how da empresa para voltar a desenvolver o negócio dos tapetes e passadeiras, com novos e mais modernos equipamentos. "O negócio da relva corre bastante bem, mas queremos procurar novos produtos e novos caminhos e acredito que há potencial de mercado para os tapetes e alcatifas. Peças utilitárias a que queremos conferir maior versatilidade no design." Acredita que esta nova área de negócio possa vir a valer, em breve, três milhões de euros, com enfoque especial nos mercados espanhol, francês, alemão e italiano. "Hoje temos espaço e tempo para experimentar e falhar em vez de termos de nos adaptar em sacrifício como já fizemos", diz o empresário, que reconhece que os anos da crise foram difíceis. Só em 2015 a empresa conseguiu dar a volta e ultrapassar a faturação de 2010 - 12 milhões de vendas.
Em construção está já um novo pavilhão, que ficará pronto até ao final do ano, um investimento de meio milhão de euros que irá permitir o rearranjo interno da fábrica para receber os equipamentos novos para o fabrico de tapetes e alcatifas. Depois de concluído, a Safina aumenta em 10% a capacidade de produção.
Ficha técnica
Atividade - Fabrico de tapetes e carpetes
Tempo de atividade - Criada em 1971
Faturação - 15 milhões esperados em 2017
Principais mercados - Espanha, França, Argélia, Marrocos e Tunísia
Número de empregados - 94 trabalhadores
Endereço - Trav. da Gândara, 65 - Cortegaça
e-mail - info@safina.pt