Dança de cadeiras na Casa Branca... e no 'Politico'

Jim VandeHei, CEO e cofundador deste título, vai abandonar o projeto após as eleições dos EUA
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As eleições para a presidência dos Estados Unidos só se realizam em novembro, mas já começam a surtir os seus efeitos no jornalismo. Jim VandeHei, CEO e cofundador do Politico (editado em papel e online), que mudou o panorama informativo na área política desde que foi lançado, há quase dez anos, anunciou que vai abandonar a empresa após as eleições.

"Já estão a par das novidades: vou sair do Politico depois das eleições. O timing é poético: coincide com o meu décimo aniversário, quase no mesmo dia. Cheguei aqui quando o fenómeno Barack Obama explodiu, em 2006, e agora planeio ir embora quando o seu sucessor para a presidência for escolhido", referiu Jim VandeHei através de um memorando.

A saída coincide também com uma restruturação da qual o Politico será alvo nos próximos meses. No memorando, Jim VandeHei, de 44 anos, apresentou duas grandes justificações para abandonar o projeto que ajudou a criar. "Em primeiro lugar, apanhei o "bichinho" do empreendedorismo há dez anos, quando iniciei este projeto e não me consigo livrar dele. Não existe desafio maior do que tentar igualar a magia e o sucesso que alcancei aqui num outro projeto", realçou, deixando claro que pretende criar o seu próprio emprego num futuro próximo.

Por outro lado, VandeHei argumentou que abandona o Politico ciente de que criou "um modelo em crescimento", com uma "liderança de primeira classe" e que está totalmente preparado para "uma transição". "Politico é poderoso e sustentável o suficiente para sobreviver", acrescentou.

Mas as mudanças neste projeto não se ficam por aqui. Mike Allen, um dos jornalistas mais conceituados do projeto de jornalismo, também vai deixar de fazer parte do núcleo duro. Kim Kingsley, diretora de operações, Roy Schwartz, diretor de departamento de marketing e vendas, e Danielle Jones, vice-presidente executiva, são outros dos nomes que se preparam para abandonar o Politico nos meses que se seguem.

De acordo com o Huffington Post, Mike Allen e Roy Schwartz foram convidados por Jim VandeHei para integrarem o seu novo projeto, cujos pormenores são ainda desconhecidos, sabendo-se apenas que não será concorrente direto de Politico.

No meio de todas estas saídas, Robert Allbritton, proprietário e fundador do Capitol News Company, que detém o Politico, vai assumir o cargo de CEO, deixado vago por VandeHei. "Há uma década, no início de 2006, tomei a decisão de fundar um novo título focado no Capitólio. Na altura, a ideia encaixava-se na perfeição com outros projetos da nossa empresa e, através do meu instinto, percebi que esta era uma oportunidade interessante que se abria no panorama dos novos média, especialmente na área política", começou por explicar Allbritton, num memorando. "Encarei-o, na altura, como um passo modesto num caminho com uma direção incerta", escreveu ainda o atual CEO do Politico. O "passo modesto" a que o novo CEO se refere veio a traduzir-se num "caminho muito mais longo" do que aquele que o próprio antecipava. "E esse caminho levou-nos a lugares interessantes", pautados por "sucesso".

E esse êxito traduz-se em números. De acordo com os dados revelados pela Score Inc. - empresa que mede consumo de audiências - divulgados em dezembro, o Politico atraiu 8,5 milhões de leitores únicos, o equivalente a um acréscimo de 12,5% comparativamente ao mês homólogo.

Em setembro de 2013, o Politico ultrapassou as fronteiras de Washington, passando a ter também um site sediado em Nova Iorque. A iniciativa estendeu-se a estados como Nova Jérsia ou Flórida. Em abril de 2015, foi a vez de Politico aventurar-se na Europa, numa parceria feita com a gigante de média alemã Axel Springer SE. Nos Estados Unidos, este projeto emprega cerca de 200 repórteres e 320 outros funcionários. Já no continente europeu, Politico conta com 40 jornalistas.

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