Dakar deixou marcas na passagem pelo Alentejo
A prova de todo-o-terreno que está a ligar Lisboa a Dakar passou pelo Alentejo e deixou as suas marcas, graças às centenas de veículos em prova, mas também aos milhares de pessoas que se juntaram perto dos troços e que, por sua vez, estacionaram milhares de viaturas nas imediações do traçado.
Leonor Machado, proprietária de uma quinta alentejana, denunciou ao DN o que diz ser o resultado dos "comportamentos de risco e desrespeito pela natureza" por parte das multidões, nomeadamente num montado de sobro protegido. "Será que alguém saberá as consequências para as árvores do sistema radicular ter sido calcado, pisado e esmagado por centenas de veículos que cruzaram a torto e direito a charneca sem respeitar acessos?", questiona.
A proprietária diz ainda que viu comportamentos perigosos e que incluíram o corte de árvores como sobreiros. "A mim cortaram-me oito e a um vizinho cortaram 17. O corte de cada uma destas árvores dá uma multa de mais de dez mil euros", refere. "Não houve qualquer controlo, os espectadores fizeram o que quiseram: passaram com jipes por todo o lado, fizeram motocrosse e acenderam fogueiras. Para mim, isto foi o descalabro total e houve comportamentos bizarros", disse.
No entanto, Leonor Machado reconheceu ao DN que o seu terreno já foi limpo pela autarquia e que "só agora a organização percebeu a minha preocupação com o lixo, porque as latas e garrafas podem ser potenciais focos de incêndio no Verão".
Da parte das autarquias de Alcácer do Sal e Grândola foi garantido ao DN que "ainda estão equipas no terreno para avaliar e efectuar as reparações necessárias, o que estava previsto e em colaboração com a organização da prova". Sobre eventuais árvores protegidas, fonte da câmara de Alcácer diz que "o traçado foi definido com técnicos do Instituto para a Conservação da Natureza (ICN). Se houve irregularidades, isso vai ser avaliado, para depois se poder agir em conformidade".