Primeiro, Frechaut, depois, Danny e, num ápice, também Cícero, Jorge Ribeiro, Thiago e, principalmente, Derlei. Em poucos dias o mercado do futebol nacional era vasculhado por um cliente inesperado, de paragens pouco habituais. O Dínamo de Moscovo, da Rússia, descobriu em Portugal um filão apetecível de jogadores e deixou muita gente a questionar-se sobre os motivos desta súbita descoberta e sobre a origem dos milhões russos - no total, foram já mais de 15 milhões os euros que o Dínamo «injectou» em clubes portugueses. A resposta anda em torno de dois nomes Alexei Fedorichev e Jorge Mendes. E da «amizade»que ambos construíram..O Dínamo de Moscovo é, no fundo, apenas o último exemplo da nova realidade emergente do futebol russo. Uma realidade moldada por milhões e milionários. Donos de impérios financeiros, mais ou menos suspeitos na sua legalidade, que compram clubes e neles investem rios de dinheiro. É o que acontece com o patrocínio de Roman Abramovich (o dono do Chelsea) ao CSKA, por exemplo. E é o que acontece, desde Setembro passado, com o Dínamo de Moscovo, onde o multimilionário Alexei Fedorichev, presidente da multinacional Fedcominvest, resolveu investir, comprando 51 por cento das acções. Uma realidade que faz com que o outrora «fechado» e distante futebol russo seja agora um ponto atractivo para futebolistas brasileiros, argentinos, africanos ou... portugueses..Fedorichev é também, desde 2002, o principal investidor dos franceses do Mónaco (adversário do FC Porto na última final da Liga dos Campeões), que ostentam nas camisolas o nome da Fedcominvest. E terá sido aí, no clube do Principado, que começou a criar relações privilegiadas com o empresário português Jorge Mendes, também um dos principais parceiros de negócio de Abramovich no Chelsea. O Mónaco-Chelsea, das meias--finais da última Liga dos Campeões, terá sido mesmo o momento--chave no desenvolvimento das estreitas ligações de Mendes com os multimilionários russos. Ao ponto de, como afirmou ao DN um jornalista do Sport Express, de Moscovo, Jorge Mendes se ter tornado «no parceiro privilegiado» de Fedorichev no plano de reconstrução do Dínamo de Moscovo..Em França, a entrada dos milhões da Fedcominvest no Mónaco foram tudo menos pacíficos, levantando várias suspeitas sobre a ligação de Fedorichev com as mafias russas. Um artigo do jornal Le Monde revelava a existência de vários relatórios dos serviços secretos franceses e italianos sobre a Fedcominvest, suspeita de «ser o braço legal do crime organizado de Leste». Também Fedorichev aparecia descrito como «cabecilha de grupos de branqueamento de capitais provenientes de tráfico de armas e estupefacientes, organizado sob a cobertura do grupo monegasco Galaxy Management, ligado ao chefe mafioso Leonid Minin». Inicialmente, o Príncipe Rainier vetou a entrada da Fedcominvest no Mónaco, mas Fedorichev sempre negou as acusações e viu mesmo o tribunal monegasco condenar o jornal a indemnizá-lo em 30 mil euros por difamação pública. Mas nunca se livrou da suspeição..O Dínamo Moscovo, esse, agradece o investimento. E os clubes portugueses também.