Da muralha em estrela às casas graníticas. A gala dos monumentos
Monsanto, ela própria candidata a uma das aldeias Sete Maravilhas, na categoria de Aldeia Monumento, acolhe hoje a gala da qual sairão as duas finalistas nesta especialidade e que a 3 de setembro disputarão a final com todas as outras entretanto apuradas, ou ainda a apurar, nas restantes categorias.
Na competição, que só pode ser muito equilibrada dado o valor das candidatas, participam Almeida, com a sua muralha em forma de estrela; Sortelha, granítica e de traçado medieval; Idanha-a-Velha, milenar e única, Evoramonte, antigo paço estival de reis e príncipes no topo da sua colina; Monsaraz, que foi terra de templários e conserva a sua aura; Estoi, sucessivamente romana, moura e cristã e, finalmente, Monsanto. Desde 1938 a "aldeia mais portuguesa de Portugal", Monsanto destaca-se na paisagem com os seus blocos de pedra e é uma irredutível no top das mais belas aldeias europeias e mundiais - renhida, portanto, a competição, e difícil a escolha.
Durante a gala, que será transmitida em direto na RTP 1 e na RTP Internacional, a partir das 21.00, vai ser possível conhecer melhor cada uma delas, as suas comunidades e vivências, a sua gastronomia, os monumentos e também a sua história - e o público, com os seus telefonemas, decidirá.
Seja como for, a participação de cada uma delas na iniciativa da Sete Maravilhas de Portugal - Aldeias é um cartão-de-visita para que se mostrem ao país e, como sublinha Armindo Jacinto, presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, concelho de duas das candidatas (Monsanto e Idanha-a-Velha), "é uma excelente oportunidade para valorizar o mundo rural".
No caso do município a que preside, o autarca destaca, nas duas aldeias que tem a concurso, "a sua faceta de ruralidade, num espaço em que as pessoas podem viver com qualidade e criatividade e que pode ser visitado, para se vivenciar essa realidade".
A oportunidade que as Sete Maravilhas representam, na opinião do autarca, já levaram no passado o município a candidatar um prato local, a perdiz de escabeche, ao mesmo concurso, na altura dedicado à gastronomia. E o resultado, Armindo Jacinto não tem dúvidas, foi um sucesso. "Valorizou muito a nível nacional o nosso território e acabou por fixar um prato que era muito pouco utilizado na restauração, mas que passou a ser muito procurado, e que alguns dos nossos restaurantes já servem", garante.
Além da beleza, dos monumentos e das suas vivências, as sete aldeias de hoje têm também em comum a situação geográfica no interior, quase todas ao longo da raia, em regiões que sofreram uma grande desertificação nas últimas décadas, com a migração e o abandono da população. Em Idanha-a-Nova, onde a autarquia tem vários programas e uma estratégia para fixar populações, "já há sinais de inversão daquela tendência, como o aumento de turmas nas escolas locais", garante Armindo Jacinto. Mas, sublinha, "há muito trabalho pela frente". Contrariar a desertificação nestas regiões, diz, "tem de ser um desígnio nacional".