Da marginalidade e do amor filial

Em "Código de Família", Fassbender dá rosto a um drama familiar com velocidade a mais e sem direção.
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Dá para imaginar Michael Fassbender, que há não muito tempo foi Macbeth e depois Steve Jobs, agora no papel de um criminoso irrelevante a viver numa caravana? A pergunta pode parecer perversa, uma vez que temo-lo encontrado noutros universos menos condizentes com o seu perfil, como a saga X-Men ou o mais recente Assassins' Creed.

Ainda assim, o que é desconcertante em Código de Família é que o seu corpo conserva uma postura que não é moldável àquele ambiente. Digamos que Fassbender, mediante a sugestão do contexto, é aqui uma figura de escassa rugosidade, com uma fisionomia nobre que, supostamente, devemos acreditar corresponder a alguém analfabeto...

Esta primeira longa-metragem de Adam Smith (realizador com experiência em televisão) toma como cerne dramático um bando de vagabundos irlandeses estacionados numa zona rural de Inglaterra que, além de roubos regulares, passam o tempo com o pé no acelerador, em testes de velocidade pelas pradarias.

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A família é composta por Chad (Fassbender), a esposa e os dois filhos pequenos, para os quais se deseja a oportunidade educativa que os pais não tiveram - este será, aliás, um dos poucos fios condutores da história. No mesmo acampamento de rulotes vive o pai de Chad, Colby (Brendan Gleeson), com personalidade vincada que procura fortalecer a componente melodramática do retrato familiar... Mas nem isso é suficiente para colmatar a lassidão desta narrativa incerta, que usa o "selo" Fassbender ignorando o seu verdadeiro potencial.

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