Da internet para o mundo

Exibicionista? Problemática? Fenómeno do MySpace? Eis Lily Allen, a cantora que apenas com 20 anos colocou umas músi- cas na sua página do MySpace (www.myspace.com/lilymusic) e de um momento para o outro se tornou um sucesso mundial, vendendo mais de dois milhões de cópias do primeiro disco, mas também um dos alvos predilectos dos paparazzi britânicos, que também já devem ter alguma razão de queixa da cantora (não têm sido raras as vezes que Allen é notícia por agressão a fotógrafos).

Hoje Lily Allen tem 23 anos, um segundo álbum já editado, It's Not Me It's You, e uma data agendada na sua digressão para Portugal, no Festival Sudoeste. Pelo meio já trocou galhardetes com Elton John numa entrega de prémios, invadiu quartos de hotel e assumiu ter comprado uma praia enquanto estava alcoolizada.

Filha do actor Keith Allen e da produtora Alison Owen, Lily Allen foi criada em Islington, no norte de Londres. Mas o espírito problemático revelou-se logo em tenra idade, tendo admitido a cantora que frequentou 13 escolas, tendo sido constantemente expulsa devido a problemas com álcool e, uma das vezes, contou à Rolling Stone, porque foi "apanhada" a fazer sexo oral a um colega.

Em criança chegou mesmo a ser levada pelo pai para negócios de tráfico de droga, confessou a cantora à Spin: "Era uma bebé engraçada, o que trouxe alguns clientes".

Com 15 anos abandonou a escola. Até chegar à música trabalhou em bares, foi florista e chegou a ter uma breve experiência na representação (participou em Elizabeth, filme produzido pela mãe). Mas a sorte não lhe bateu logo à porta. Inicialmente todas as editoras a que se dirigiu lhe deram um não. Em 2005 assinou contrato com a Regal Records, mas a editora não lhe deu muita atenção. Por isso decidiu colocar algumas canções no MySpace. Em poucas semanas atraiu dezenas de ouvintes e pelos blogues e fóruns na Internet o seu nome começou a ser falado como o da cantora britânica que inaugurou uma nova tendência de promoção da sua música, sem o apoio de editoras. Paralelamente, no seu blogue do MySpace escreve sobre bebedeiras, problemas familiares, ex-namorados, goza com estrelas pop e, subitamente, torna-se uma celebridade (actualmente já não escreve nesse blogue, tendo optado por uma página no Twitter).

Depois da atenção de que foi alvo no MySpace, o primeiro disco, Alright, Still, viu a luz do dia no Verão de 2006. O sucesso foi quase imediato. Foi então que a cantora se tornou um dos alvos dos paparazzi, não só pela sua frontalidade e pelo passado conturbado, mas também por atitudes que passam por aparecer alcoolizada em galas da GQ e festivais como Cannes ou mostrar mais que uma vez os seios em público.

Entre Alright, Still e It's Not Me, It´s You, Lily Allen manteve um programa de televisão no canal BBC 3 intitulado Lily Allen and Friends. Teve ainda uma relação amorosa com Ed Simons, dos Chemical Brothers, de quem esteve grávida, enquanto gravava o novo álbum. No entanto a cantora sofreu um aborto involuntário e pouco depois separou-se do músico. Durante este período sofreu uma depressão e decidiu internar-se numa clínica privada em Londres.

O segundo álbum esteve previsto para ser editado no ano passado, mas enquanto a sua editora, EMI, se reestruturava, o lançamento foi adiado para Fevereiro deste ano. Algumas canções do disco chegaram antes ao MySpace. Everyone's At It gerou controvérsia por falar abertamente sobre cocaína. À revista The Word a cantora disse em Janeiro: "Conheço pessoas que consomem cocaína três noites por semana e todos os dias levantam-se e vão trabalhar, sem problemas."

Apenas com 23 anos tornou-se numa das grandes estrelas pop da actualidade, mas recentemente disse ao New York Times que a música não é a sua paixão: "Não existe nada por que me sinta realmente apaixonada. A música não é, o que é uma pena, porque seria bom se fosse."