Há anos que os resultados dos exames nacionais de 11.º ano de Física e Química A e de Biologia e Geologia não são de aplaudir. E apesar de em 2018 as médias terem aumentado, em 2019 a tendência foi reposta com um decréscimo nas médias e aumento da taxa de reprovação. Mas as consequências dos maus resultados só serão sentidas no próximo ano, quando os alunos que as concretizaram (agora no 11.º ano) vão estar no 12.º ano e a candidatar-se à faculdade. O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) não tem dúvidas de que o efeito será uma diminuição das candidaturas em áreas para as quais estas disciplinas são pedidas como provas de ingresso. Das Engenharias à Medicina, há cursos que "vão assistir a maiores dificuldades para o ano"..A grande parte dos alunos que realizaram os exames destas disciplinas neste ano encontram-se a um ano de poderem candidatar-se ao ensino superior, ao qual poderão concorrer com estas provas, dependendo da área pela qual optarem..Na primeira fase do exame de Física e Química A, a média do exame desceu de 10,6 valores, em 2018, para 10. A taxa de reprovação foi, por isso, mais alta, aumentando de 10 para 14%. Embora menos significativo, também a prova de Biologia e Geologia registou uma descida de 10,9 para 10,7. Na segunda fase as médias desceram ainda mais, para os 9,6 em Física e Química e para 10,3 em Biologia e Geologia..Praticamente todas as licenciaturas de "Engenharia" dependem de Física e Química como prova de ingresso, na maioria das vezes conciliada com a prova de uma outra disciplina - como Matemática. Da Engenharia de Ambiente à Civil, passando pela famosa licenciatura em Engenharia Aeroespacial, curso que se tem mantido no topo daqueles com a média de entrada mais alta do país..O DN tentou contactar a Sociedade Portuguesa de Física para um parecer sobre o tema, mas não obteve resposta..O exame de Biologia e Geologia é dos mais requisitados para o ingresso no ensino superior. Nomeadamente nas áreas ligadas à saúde, como Medicina. Mas também em "áreas relevantes na oferta educativa portuguesa, como os cursos de Agricultura", frisa o dirigente do CRUP, António Fontainhas..O problema pode agravar-se se a tendência de reduzir vagas nas principais faculdades do país se mantiver. O Ministério do Ensino Superior reivindicou o corte de vagas em instituições de maior pressão demográfica, Porto e Lisboa, já concretizado em 2018. O objetivo é escoar os estudantes para zonas e instituições tradicionalmente menos procuradas. Apesar de o número de vagas disponibilizadas neste ano para o ensino superior (51 568) praticamente não ter sofrido alterações relativamente ao ano transato (51 560), com um acréscimo mínimo de oito vagas.