Foi libertado o autor do atentado mais mortífero da ETA
Santiago Arróspide Sarasola saiu no domingo da prisão de Topas, Salamanca. "Histórico etarra" (El Mundo), "duros dos duros" (El País), Santi Potros, como é conhecido, apareceu vestido como se tivesse terminado um treino desportivo. Mas não. Exceto por um período de 45 dias, o terrorista de 70 anos esteve preso desde 1987.
Potros foi condenado em Espanha por 11 crimes que totalizaram 40 vítimas mortais. A sentença resultou em quase 3000 anos de cúmulo jurídico, mas em 2006 as condenações foram transformadas numa só e a pena foi fixada em 30 anos de prisão no máximo. Em 2014 foi solto, mas um mês e meio depois voltou para a prisão, condenado por outros dois atentados.
"Temos um sistema que dá uma tarifa fixa aos assassinos. A partir da primeira vítima é grátis." O comentário ao El País é de Consuelo Ordoñez, a presidente do Coletivo de Vítimas do Terrorismo (COVITE), cujo irmão, deputado do PP no Parlamento basco, foi assassinado em 1995 em San Sebastián.
Foi o principal responsável pelo atentado mais mortífero da ETA: 21 mortos e 45 feridos no supermercado Hipercor, em Barcelona, em 1987. No ano anterior, também foi o autor principal da explosão em Madrid que matou 12 elementos da Guardia Civil. Num e noutro caso foi usado o mesmo modus operandi, o carro-bomba.
O presidente do Partido Popular, Pablo Casado, pediu para que ninguém dê as boas-vindas a Santi Potros, "que não teve a decência de ajudar a esclarecer 300 assassínios impunes".
Casado, que se encontrava em Vitoria, no País Basco, quando prestou as declarações aos jornalistas ouviu insultos como "fascista" e "terrorista" de um grupo que o El Mundo avalia em 150 pessoas.
Já o líder dos Cidadãos, Albert Rivera, preferiu transmitir uma mensagem de apoio aos familiares das vítimas.
O governo, através do ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, assegurou que iria estar atento a manifestações de apoio a Potros. "Se existir um crime que possa ser incluído na glorificação do terrorismo ou no desprezo às vítimas, obviamente é para isso que servem as forças de segurança do Estado", afirmou à agência EFE.