O Verão ainda mal começou e há várias semanas que a esmagadora maioria das lojas estão com promoções. Descontos que precedem a chegada da época oficial de saldos - que decorre de 15 de Julho a 15 de Setembro - e que pretendem ajudar o comerciante a potenciar a venda de determinados produtos. Mas em plena crise, os saldos antecipados chegaram este ano bem mais cedo do que é habitual, havendo lojas que em Maio já ostentavam promoções como forma de incentivar à compra..Os cartazes, grandes quanto baste e de preferência em vermelho ou outra qualquer cor igualmente garrida, porque a necessidade de chamar a atenção do cliente assim o exige, marcam descontos diversos que começam nos 20% e vão subindo por aí acima. O mais habitual são os 30% e os 50%, mas há lojas que já têm produtos a60% e 70% mais baratos. A crise assim o obriga. .As lojas Paco Martinez optaram por um slogan elucidativo: "Preços anticrise". A funcionária da loja do Via Catarina, Teresa, admite que a crise tem mostrado os seus sinais. "Nota-se um bocado mas vai-se vendendo. Fala-se mais na crise do que ela é na realidade", defende. Os descontos vão dos 20% aos 30% e "as pessoas são tentadas a comprar"..Mas há lojas com outras estratégias limitando os descontos nesta fase unicamente aos portadores de cartão-cliente. É o caso da Natura, com reduções que podem chegar aos 50%, e da Aerosoles, que não ostenta ainda cartazes promocionais. "Temos estado a fazer desconto de 15% aos portadores de cartão-cliente, que é uma forma de darmos um 'miminho' aos nossos clientes habituais. Em princípio lá para sexta-feira [hoje] devemos começar com as promoções, que se prolongarão até aos saldos", explicou ao DN Cristiana, empregada da Aerosoles. Quanto à crise, a jovem diz que se traduz na redução das compras ao mínimo essencial. "Os clientes já não levam aos dois pares de cada vez, avaliam o que precisam e cada vez mais pedem que se faça um descontozinho", salienta..Para o presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), a situação que se vive "é o resultado da aplicação da lei que saiu há dois anos (DL 70/2007 de 26 de Março)" e que levou a que "actualmente se assista a promoções e saldos quase todo o ano, retirando algum conteúdo aos próprios saldos", defende. Vasco Mello diz que a antecipação crescente da época de descontos é o efeito da crise económica que se vive, "e que ficou patente nas vendas de Natal, que correram mal, e nos saldos que se lhe seguiram", em que 64% dos empresários do sector viram as vendas cair. .Mas Vasco Mello admite também que a redução antecipada de preços possa ser uma estratégia comercial deliberada de antecipação aos concorrentes. Mas considera que, em geral, a situação não é positiva. "Hoje ninguém sabe quando vai haver promoções ou qual é o valor real do preço que está marcado." Isto para não falar do facto de se "criar uma adaptação dos consumidores, que esperam que o preço baixe até ao infinito". E diz que a situação até pode gerar aumento de preços. "O lojista pode fixar uma margem superior logo no início da época na expectativa das promoções.".Opinião não partilhada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, que considera que a existência da época oficial de saldos "deixou de fazer sentido". Vicente Dias, presidente da APED, sublinha: "Não vemos qualquer vantagem na existência de uma lei que regulamenta as datas em que os empresários podem gerir com total liberdade uma das variáveis fundamentais do negócio."