Crise leva a maior empenho de jovens no associativismo
Em declarações à Agência Lusa, no decurso o 11º Encontro Nacional de Associações Juvenis (ENAJ), que reúne hoje e domingo, em Viseu, mais de 200 associações e 1100 participantes inscritos, Júlio Oliveira sinalizou que o maior empenho dos jovens resulta do "acompanhamento que as associações fazem do pulsar do país no seu todo". "As preocupações dos jovens e das suas organizações são as mesmas que as do país, sejam na área social, cultural, política ou mesmo económica", notou ainda o presidente da FNAJ, organização que agrega 1600 associações e um universo de mais de 300 mil pessoas.
Numa altura em que a crise preenche a parte maior da atenção dos portugueses, também entre os jovens e as suas organizações "não é diferente", sublinha este dirigente associativo juvenil, dando como exemplo a existência de inúmeras associações que, dentro das comunidades onde estão inseridas, "são a única plataforma de resposta para as inquietações dos jovens, inclusive no que diz respeito ao emprego". Júlio Oliveira frisou mesmo que as associações juvenis continuam a ter uma "enorme importância" na formação de milhares de jovens para a vida cívica, para a "política no sentido mais nobre do termo", que conduz estas pessoas para disponibilizarem "o seu melhor ao serviço das comunidades".
E é por isso, ou muito por causa disso, que a FNAJ não vê com bons olhos que o Governo junte sob a mesma tutela as políticas do Desporto e da Juventude porque, reafirmou Júlio Oliveira, "sempre que isso acontece, as atenções focam-se quase sempre no Desporto, diminuindo a dimensão da Juventude". Júlio Oliveira, sobre esta matéria, espera apenas "medidas concretas" por parte do Governo para "provar" que pretende uma juventude empenhada e com condições efetivas para isso, aproveitando para lancar um apelo a um "maior empenhamento político".
O presidente da FNAJ, confrontado pela Lusa com a ideia generalizada de algum alheamento cívico por parte dos jovens, defende que existem "muitas juventudes" mas garante que "a participação e a disponibilidade destes para o associativismo e o trabalho em benefício das comunidades nunca foi tão efectivo". Nos últimos anos "estes encontros de associações (que têm lugar de dois em dois anos) foram de grande participação", disse, acrescentando que num espaço temporal mais alargado, o registo mantém-se, lembrando que ainda há uma geração, "pouco mais espaço de associação juvenil havia para além das juventudes partidárias".
Admite, no entanto, que sendo muitas as causas por que se batem os jovens, há, a unir transversalmente quase todos eles "um sentimento de frustração" que não tem uma ligação evidente às formas tradicionais de contestação e que tende a encontrar no associativismo um meio de "canalizar esse sentimento". "Pode-se mesmo dizer que, hoje, mais que uma causa ou causas, é o sofrimento e a frustração que galvaniza os jovens", notou ainda Júlio Oliveira. Este 11º ENAJ, em Viseu, termina no domingo.