Que a Academia de Música de Santa Cecília é uma escola diferente percebe-se antes de entrar, quando o barulho das crianças a brincar no recreio é abafado pelo som da música. Através das janelas do antigo palacete, na Ameixoeira, em Lisboa, ouvem-se violinos e coros. Aqui, as aulas de música fazem parte do currículo, tal como as de português e de matemática. Com bons resultados, já que a escola foi a melhor entre as privadas no ranking elaborado a partir das notas dos exames nacionais de 2008..Este ano, são apenas nove os alunos da Academia a fazer exames. "São poucos mas é um grupo muito heterogéneo e temos orgulho que tenham chegado até aqui", diz Fernanda Costa Geraldes, consultora pedagógica da instituição. Aliás, nunca são muitos já que a escola tem cerca de 640 alunos, da pré-primária ao secundário. "Rigor e criatividade numa escola de dimensão humana. É este o nosso lema e não conseguíamos isso com mais alunos", explica Fernanda..Pelos corredores estreitos e cheios de instrumentos passam futuros músicos mas também médicos e engenheiros, que beneficiam de uma formação musical complementar. Para conseguir este 'dois em um' e não deixar as crianças estafadas é preciso muita organização e trabalho. É isso que explica os resultados: a cultura de rigor e exigência desde a pré-primária, conta. No 12.º ano, por exemplo, os alunos têm de desenvolver um projecto na área que querem seguir - o que os obriga a procurar a ajuda de especialistas. "Um dos nossos alunos construiu um robô. Outro, fez um trabalho sobre o tratamento da malária. Estimulamos a autonomia", diz. E isso pode até não se traduzir nos exames, "sujeitos a muitas contingências", mas nota-se no percurso de vida, garante.