Credores da Auto-Estradas do Douro Litoral assumiram participações sociais

Os credores da Auto-Estradas do Douro Litoral (AEDL) assumiram hoje as participações sociais da concessionária, segundo um comunicado divulgado, que refere que nos últimos cinco anos falharam os pagamentos de diversos compromissos.
Publicado a
Atualizado a

"Em 24 de janeiro de 2019 as participações sociais da concessionária AEDL foram transferidas para um conjunto de credores liderado pelos fundos de investimento geridos ou assessorados pela Strategic Value Partners LLC e suas afiliadas ("SVPGlobal") e Cross OceanAdviser LLP e as suas afiliadas ("Cross Ocean Partners")", lê-se na nota da AEDL.

Segundo o mesmo texto, a concessionária, nos últimos cinco anos, "tem incumprido as suas obrigações de pagamento de reembolsos de capital, juros, custos e comissões dos seus contratos financeiros, devido a uma estrutura de custos elevados e níveis de tráfego que estão abaixo das expectativas originais".

A AEDL foi concessionada à Brisa em 2007, por 27 anos, e foi "alvo de um investimento de cerca de 1.000 milhões de euros", segundo informação da página da internet da Brisa.

Segundo o comunicado divulgado hoje, os novos acionistas estão "empenhados em garantir que o serviço público não sofra interrupções ou alterações nos níveis de serviço e segurança", sendo o principal foco a "qualidade do serviço aos utilizadores".

Para presidente do Conselho de Administração foi nomeado Andy Pearson, ex-CEO (presidente executivo) da autoestrada com portagem M6 no Reino Unido, e antigo diretor da autoestrada com portagem SH 130 no Texas.

Como diretor-geral está José Custódio dos Santos, ex-CEO da MSF Concessões e CEO da Auto-Estradas do Atlântico e Auto-Estradas do Litoral Oeste.

Citado no comunicado, Andy Pearson indicou que a AEDL é "um ótimo ativo, com perspetivas futuras fantásticas", acrescentando ser a via continuará a "desempenhar um papel no desenvolvimento económico da região e tem um potencial significativo para aumentar seus níveis de tráfego".

Já José Custódio referiu que a nova estrutura acionista "proporciona à concessão uma base financeira fortalecida que garantirá o seu futuro".

A AEDL opera e mantém as portagens A41, A43 e A32 (extensão total de 73 quilómetros).

A SVPGlobal é um "investidor financeiro global especializado em melhorar o desempenho de investimentos em dificuldades ("distressed debt"), tendo aproximadamente 8 mil milhões de dólares em ativos sob gestão".

A Cross Ocean Partners é uma plataforma de gestão de créditos e ativos e assessora ativos de 3,1 mil milhões de dólares globalmente e os seus fundos e contas angariaram aproximadamente 4,4 mil milhões de dólares em capital subscrito até o momento.

No passado dia 18, o Jornal Económico citava o administrador executivo da Brisa, Daniel Amaral, que referiu: o "Estado é o concedente e é a ele que cabe decidir sobre estas concessões, por isso nunca será simples assumir as concessões que nos foram atribuídas".

O jornal indicava que o valor da dívida comprada ascendia a cerca de 1,6 mil milhões de euros.

Em dezembro, o Jornal de Negócios referia a dívida de 1,5 mil milhões de euros aos fundos SVP e Cross Ocean, Deutsche Bank, JP Morgan e Banco Europeu de Investimento (BEI).

Os credores terão proposto um perdão da dívida de 60% no caso da Douro Litoral e de 45% no caso da Brisa. No total, a dívida da Brisa --- que entrou em incumprimento em 2012 --- ultrapassa os 500 milhões de euros. Já a dívida da Douro Litoral ultrapassa os 1.000 milhões de euros, escreveu o jornal.

A agência Lusa solicitou hoje um comentário à Brisa sobre a informação de que os credores assumiram o controlo da concessão e aguarda resposta.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt