Crédito ao consumo vai continuar a diminuir este ano

O recurso ao crédito ao consumo desceu 17 por cento em 2009 e deve continuar a diminuir, devido às restrições impostas pelas instituições financeiras e à falta de vontade das famílias em assumirem mais encargos.
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A secretária geral da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) disse à Lusa que se "vai manter uma análise de risco de crédito apertada, no sentido de não deixar que as famílias ultrapassem a sua taxa de esforço" e acrescentou que as famílias também "não têm vontade de fazer disparar o número de encargos com empréstimos".

Questionada sobre o impacto das medidas que hoje foram anunciadas pelo Governo para acelerar a redução do défice, Susana Albuquerque considerou que "o recurso ao crédito vai diminuir ainda mais".

"A questão é perceber também o impacto que vai ter ao nível dos comerciantes e da prestação de serviços", comentou.

No ano passado, as associadas da ASFAC concederam menos 17,2 por cento de crédito, comparativamente a 2008, totalizando 4.612 milhões de euros.

O crédito clássico somou 2.108 milhões de euros, 93 por cento destinado a particulares (crédito ao consumo) e o restante a empresas. Este tipo de crédito, que totaliza 46 por cento dos financiamentos, sofreu uma queda de 21,7 pontos percentuais face ao período homólogo.

Em média, cada contrato de crédito ao consumo foi de 3.730 euros, 3 por cento abaixo do que foi registado em 2008. O valor médio dos contratos celebrados com empresas, em 2009, foi de 16.245 euros, cerca de 2,5 por cento inferior ao ano de 2008.

No que respeita ao crédito clássico, 75 por cento dos valores pedidos destinaram-se à compra de automóveis, 16 por cento à aquisição de artigos para o lar e 7 por cento a crédito pessoal.

Este último tipo de crédito revelou um decréscimo de 52 pontos percentuais, enquanto o crédito para aquisição de meios de transporte diminuiu 15 por cento e o crédito de artigos para o lar baixou 24 por cento face ao ano anterior.

Susana Marques explicou que os dados reflectem uma maior restrição nos critérios de análise de risco de crédito das instituições financeiras e adiantou que o crédito pessoal não tem sido pedido para pagar dívidas.

"Os números mostram que o recurso ao crédito ao consumo é feito essencialmente para financiar bens. Não temos dados que indiquem que é para pagar dívidas, antes pelo contrário. Quando isso acontece são casos excepcionais de pessoas que conseguem furar os critérios pedindo, por exemplo, em nome dos filhos porque sabem que a sua capacidade financeira já não permitiria" aprovar um novo empréstimo.

Susana Albuquerque sublinhou que "os consumidores têm vindo a adaptar-se à actual conjuntura" pedindo menos empréstimos, mas admitiu que os riscos de incumprimento têm aumentado.

"Os dados do Banco de Portugal comprovam isso e as nossas estatísticas também. Houve uma subida de 1,2 por cento do malparado no crédito ao consumo, o que era esperado. O desemprego tem aumentado e as famílias vêem o seu rendimento a diminuir, logo não podem fazer face aos seus compromissos financeiros".

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