CR7 e o seu ano: 2018

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Quis o destino que Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro programasse o seu jubileu para 2018, quando muitos lhe prognosticavam a decadência. Esta parecia anunciar-se no ano anterior, o 2017 que ora acaba, com a estranha míngua de golos de CR7. Mas, no último título do ano, há duas semanas, para o Mundial de Clubes, ele marcou o soberbo e perfeito golo de livre que deu à sua equipa o estatuto de maior de sempre em títulos máximos conquistados: Real Madrid, seis Mundiais de clube; Brasil, 5, em seleções. Mera estatística, mas o essencial é a conclusão a tirar: CR7, o rei do esférico, só se dedica agora a objetivos estratosféricos. Daí, a intenção acima anunciada: ganhar o Mundial de 2018 é agora o seu objetivo.

Nos jubileus já não se libertam os escravos nem se perdoam as dívidas, só se anuncia o Senhor, o já citado Cristiano. Oremos, de forma católica (quer dizer, universal) ou ortodoxa (quer dizer, intolerante com falsos Messias ou simples Messi), mas preparemo-nos para rejubilar - hosanas e aplausos - na final. Desta já se sabe qual a data e hora (15 de julho, 16.00), o lugar (Moscovo, estádio de Luzhniki), só faltando saber se Portugal vai ganhar à França, Brasil ou Alemanha.

As expetativas aqui expressadas não têm um pingo de otimismo. Só derivam da análise concreta da situação concreta, a adequada quando o palco do Mundial 2018 é num país que foi marxista-leninista até há pouco. A escolha da Rússia, aliás, é o indício da ascensão e glória de CR7, a que iremos assistir o ponto culminante dentro de sete meses. Há um século, ali, na Rússia, assistiu-se ao nascimento de um movimento artístico, o construtivismo soviético, que privilegiava o aço e o cimento e fundia a arte e a engenharia. Se a FIFA tivesse escolhido a Toscana para realizar o Mundial, o herói de 2018 seria o Messi, bambino num presépio pintado por Fra Angelico. Mas a escolhida foi a Rússia de Malevich e Rodchenko (não, não foram treinadores), e o herói será, pois, CR7. O dos músculos e do trabalho, stakanovista dos golos como o homem novo soviético.

Não sem razão, os clubes na Rússia chamam-se Dínamo, Rotor, Spartak, Zénite, Lokomotiv, tudo nomes técnicos e geométricos, já para não falar do FC Amkar, de uma fábrica de amoníaco (Am) e carbamide (Kar), fertilizantes. Ao contrário de Messi, mais de artesanato (rendas de bilros), o CR7 é do martelo e peito em bigorna. Até para treinador ele escolheu um engenheiro. Como plano quinquenal, prevejo uma final Portugal, 4 - Venha Quem Vier, 0. Golos todos de CR7 e mais um recorde: o primeiro a marcar quatro golos numa final (batendo recorde antigo, de 1966, do inglês Hurst, 3 golos)! E isto não são fake news, porque os números não enganam.

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