CP investe metade do previsto em comboios
Os portugueses vão ter de esperar cinco anos para ver novos comboios. Só a partir de 2023 é que a CP vai começar a receber os 22 novos veículos para o serviço regional, que irão custar um total de 170 milhões de euros, de acordo com o plano ontem anunciado no Parlamento e que foi apresentado ao governo no final de julho. No entanto, o plano que deverá ser validado até final do ano apenas contempla metade do investimento que a empresa tinha previsto inicialmente em fevereiro do ano passado. Até chegarem os novos comboios, a CP vai reforçar o aluguer a Espanha, adiantou o líder da empresa, Carlos Gomes Nogueira.
A empresa pública tinha proposto, no ano passado, a compra de 35 comboios, num investimento total de 339 milhões de euros. Vinte unidades seriam híbridas - para poderem circular nas linhas eletrificadas e não eletrificadas -, os restantes 15 veículos seriam elétricos, de acordo com informação do setor a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso. Cinco das 20 unidades híbridas iriam fazer as ligações Lisboa-Madrid e Porto-Madrid; as restantes unidades tinham como destino o serviço regional. Das 15 unidades elétricas, cinco seriam utilizadas no serviço de longo curso nacional; as restantes seriam divididas entre o troço de Intercidades Lisboa-Évora e o serviço regional, incluindo as linhas do Douro e do Oeste.
O plano apresentado ontem pela empresa é mais modesto: os 22 novos comboios apenas servirão para o serviço regional e começarão a chegar em 2023, de acordo com o anúncio feito por Carlos Gomes Nogueira na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. Mas nem todos os comboios serão iguais: chegarão 12 unidades híbridas e dez unidades elétricas. A empresa já está em diálogo com as maiores fabricantes de comboios da Europa para garantir a entrega desta série daqui a cinco anos.
A CP, até 2023, apenas poderá contar com o reforço do aluguer de material a Espanha, graças à parceria com a congénere Renfe. A empresa vai receber comboios elétricos espanhóis de alta velocidade para complementar os serviços de Alfa Pendular e Intercidades. A primeira unidade elétrica chegará no próximo ano; mais seis veículos deste género virão em 2020. Estes comboios têm capacidade para circular a 250 km/h, mas a infraestrutura ferroviária portuguesa, atualmente, apenas permite que este material atinja os 220 km/h.
O acordo ibérico prevê ainda o aluguer de mais quatro unidades a gasóleo; a primeira chegará às linhas portuguesas a partir do início do próximo ano e as restantes três começarão a circular ao longo de 2019. Apenas começarão a circular depois de serem feitas "grandes reparações", conforme adiantou o líder da CP. Os comboios a diesel espanhóis funcionam atualmente nas linhas do Douro e do Minho e realizam ainda o comboio Celta, que liga Porto a Vigo. A partir do início de novembro também serão utilizados na Linha do Oeste, para completar as 450 UDD compradas em 1965 e que também transportam os passageiros da Linha do Algarve e que ainda fazem a viagem entre Casa Branca e Beja, a parte não eletrificada da Linha do Alentejo.