Covid em português suave até 1 de janeiro

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Natal e Ano Novo com direito a quase tudo, primeira semana do ano novo com direito a poucos contactos e com trabalho e crianças obrigatoriamente em casa. Vamos ver se não será caso para citar o ditado popular "depois de casa roubada, trancas à porta". As regras que ouvimos ontem serem comunicadas pelo primeiro-ministro, apesar dos avisos de Costa, não evitam os ajuntamentos familiares no Natal e festas de final de ano.

Apesar de o país estar prestes a entrar em estado de calamidade, já a partir de 1 de dezembro, as medidas foram anunciadas em português suave que contrasta com o nível de preocupação que tem sido transmitido pela ministra da Saúde. O apelo do chefe do governo à responsabilidade individual é legítimo, mas a sua eficácia é difícil de medir. Não querendo fechar tudo até ao Natal, a semana de contenção faz sentido de 2 a 9 de janeiro? Ou será tarde de mais? Inverter a curva da pandemia é urgente, têm gritado bem alto todas as entidades, médicos e peritos. Como tal, alguns cidadãos - que até apreciam a suavidade das medidas - terão dificuldade em entendê-las e transpô-las para os seus comportamentos no dia-a-dia.

Ontem foi anunciada a obrigatoriedade de máscaras em espaços fechados e de testes negativos à covid-19 e certificado digital em recintos desportivos, bares, discotecas, grandes eventos e a implementação da tal semana de contenção de contactos no início de janeiro. Na prática, creches e escolas estarão encerradas, assim como bares e discotecas, enquanto o teletrabalho será obrigatório. O certificado digital volta a ser obrigatório no acesso a restaurantes, estabelecimentos turísticos e alojamento local, assim como à entrada de ginásios e eventos com lugares marcados. O acesso a lares, estabelecimentos de saúde e grandes eventos culturais ou desportivos passa a exigir a apresentação de teste de deteção do vírus SARS-CoV-2 com resultado negativo, mesmo para pessoas já vacinadas.

Na prática, António Costa não foi mais longe por duas grandes razões: a necessidade de continuar na trajetória da recuperação económica, mantendo a atividade empresarial e o consumo das famílias e, não menos importante, manter em alta a popularidade do executivo e do partido até às eleições legislativas de 30 de janeiro. Se quisesse evitar mesmo os contágios, teria de aplicar a semana de contenção entre o Natal e o Ano Novo.

O elevado nível de vacinação dos portugueses, graças à task force liderada por Gouveia e Melo, permite usar algum português suave. Os agentes económicos agradecem, mas, como afirmou o primeiro-ministro, cabe a cada um de nós um elevado sentido de responsabilidade.

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