Costa afirma que segurança de Portugal começa a ser defendida na Roménia
O primeiro-ministro salientou esta quarta-feira a importância da unidade da NATO para a defesa coletiva das democracias europeias e da presença militar portuguesa na Roménia, sustentando que a defesa e a segurança de Portugal começa no território romeno.
Esta posição foi transmitida por António Costa em declarações aos jornalistas, tendo ao seu lado a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.
"Este é um momento para salientar a unidade da NATO e a capacidade que a Aliança Atlântica tem em conjunto de assegurar a sua defesa coletiva. No momento em que a Rússia tem uma posição belicista, de violação clara do Direito Internacional e com uma grave brutalidade desenvolve uma guerra na Ucrânia, é fundamental reforçar a defesa neste flanco leste da NATO", assinalou, momentos antes de ter um jantar de trabalho, em Bucareste, com o seu homólogo romeno, Nicolae Ciucã.
O primeiro-ministro disse depois que, "desde a primeira hora, Portugal correspondeu àquilo foi solicitado" no âmbito da NATO, disponibilizando militares do Exército para fazerem parte de um batalhão de combate, tendo em vista assegurarem "a soberania, a integridade territorial e a defesa da Roménia".
"Na NATO somos só um e, portanto, a ameaça a qualquer um de nós é uma ameaça a todos nós. A nossa defesa começa precisamente aqui na Roménia", sustentou.
No plano político, durante a sua permanência em Bucareste, o líder do executivo português destacou a assinatura de um acordo para o aprofundamento da cooperação militar com a Roménia.
"Nesta visita, vamos assinar um novo acordo de cooperação com a Roménia na área da defesa. O anterior correu muitíssimo bem, já que contribuiu para a valorização da indústria nacional e para a venda de um conjunto de [17] aviões F16. Teremos um novo acordo que vai reforçar precisamente essa valorização da indústria de defesa nacional" considerou.
Na quinta-feira à noite, António Costa parte depois para a Polónia, país que, segundo o primeiro-ministro, está sujeito a "um esforço maior no acolhimento de refugiados ucranianos, mais de três milhões".
"Temos com a Polónia fortes relações económicas e, por isso, terei uma reunião bilateral com o primeiro-ministro polaco para ver como Portugal pode apoiar o esforço que este país está a fazer em nome de todos nós, tendo em vista assegurar proteção internacional aos cidadãos ucranianos", acrescentou.
Momentos antes de ter um jantar de trabalho com o seu homólogo romeno, Nicolae Ciucã, o primeiro-ministro confirmou a sua visita à Ucrânia, desvalorizou o facto de ter sido anunciada por Marcelo Rebelo de Sousa e alegou que o Governo não condiciona nem tem segredos em relação ao Presidente da República.
Esta posição foi transmitida por António Costa após ter sido questionado pelos jornalistas se o Presidente da República não terá colocado em causa a segurança da sua deslocação à Ucrânia ao anunciá-la publicamente.
"Depois da deslocação à Polónia, aproveitarei a proximidade para corresponder ao convite que me foi dirigido pelo meu colega ucraniano, Denys Shmygal", disse, escusando-se, no entanto, a indicar quando chegará a Kiev.
Sobre se foi surpreendido por ter sido Marcelo Rebelo de Sousa a anunciar a sua deslocação à Ucrânia, António Costa respondeu: "Como é sabido, entre o Governo e o Presidente da República não há obviamente segredos".
"A política interna e externa é conduzida pelo Governo, devendo o Governo manter permanentemente informado o Presidente da República. Obviamente, o senhor Presidente da República conhece desde sempre o que o Governo faz, pensa e quando o faz", salientou.
Confrontado com a possibilidade de Marcelo Rebelo de Sousa, com esse anúncio, ter colocado em causa as condições de segurança da sua deslocação a Kiev, o primeiro-ministro procurou desvalorizar: "O senhor Presidente da República anunciou está anunciado".
"Se anunciou fez seguramente bem. É por isso que é Presidente da República e, portanto, determina o 'timing' da sua própria palavra. Não é o Governo que condiciona a palavra do Presidente da República", argumentou.
De acordo com António Costa, compete ao Governo "dirigir a política interna e externa e manter permanentemente informado o senhor Presidente da República".
"Compete ao Governo saber ouvir e dialogar com o Presidente da República. Agora, não comentamos a atuação nem condicionamos o Presidente da República quando entende usar da palavra", acrescentou.