Coro e Orquestra Gulbenkian inauguram o Festival da Póvoa de Varzim
Tem este sábado, dia 11, início o 37.º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, tradicionalmente um dos mais interessantes festivais de verão de música clássica em Portugal. E a abertura não podia ser mais "em grande": a Paixão segundo São João, de J.S. Bach, pelos Coro e Orquestra Gulbenkian dirigidos por Michel Corboz e um naipe de solistas vocais, onde se destacam o soprano Ana Quintans, o tenor Fernando Guimarães (Evangelista) e o baixo Rui Baeta (Cristo). É às 21.45, na Igreja Matriz.
Depois, até final do mês (o Festival termina mesmo a 31), sucedem-se mais 13 concertos, com os pontos fortes a caírem, como é marca deste Festival, na música antiga e na música de câmara. Na primeira das categorias, estão a Capella Pratensis (dia 14, S. Pedro de Rates), um dos melhores ensembles vocais a cappella de música dos séculos XV e XVI. O programa que trazem intercala composições de Josquin Desprez (de quem provém o nome do grupo) com peças dos manuscritos de Santa Cruz de Coimbra/Biblioteca Geral da Universidade, incluindo nomes como Pedro de Escobar ou Vasco Pires. Cinco dias depois, o Ensemble Céladon permanece no mesmo tempo histórico, com uma noite dedicada às canções, romances e vilancicos do Portugal renascentista. No dia seguinte, o mesmo agrupamento recua alguns séculos para ir reencontrar alguns dos mais famosos trovadores occitanos dos séculos XII e XIII, incluindo alguns que circularam pelas cortes ibéricas. Cabe ainda à música antiga encerrar o Festival, com Gli Incogniti de Amandine Beyer, ora a tocarem concertos de Arcangelo Corelli, ora a acompanharem a jovem e ótima soprano navarrina Rachel Andueza em árias de G. F. Händel.
Na música de câmara, temos os quartetos de cordas Artemis (dia 23) e Verazin (dia 17); temos (dia 15) o duo de violino e piano de Ana Madalena Ribeiro e Daniel Hart (ambos premiados no Jovens Músicos 2014) com um programa entusiasmante; temos (dia 24) um trio com piano (aqui, o jovem e excelente Raúl Peixoto da Costa), com a particularidade do violino ser assegurado por Bruno Monsaingeon, famoso pelos seus filmes e documentários sobre grandes músicos (Gould, Richter, Oistrakh, Menuhin, Anderszewski). Monsaingeon tem, aliás, no dia seguinte "Carta Branca" do Festival para apresentar essa sua faceta de cineasta-documentarista, com a colaboração do (também) crítico musical Augusto M. Seabra.
Também muito interessantes são as propostas que envolvem canto e piano: primeiro (dia 21), um recital de André Baleiro com João Paulo Santos, que inclui estreias mundiais (entre elas, os Three Settings of Larkin, de Vasco Mendonça) e os Songs and Proverbs of William Blake, de Britten; depois, a 28, o soprano Raquel Camarinha, acompanhada de Yoan Hérau, interpreta o famoso monodrama La voix humaine de Francis Poulenc, sobre o texto de Cocteau, encenado por Aleksei Barrière.
Já este domingo, a venezuelana Gabriela Montero faz um dos seus típicos recitais bipartidos: metade com música escrita (Schubert e Schumann), metade com improvisações sobre temas sugeridos pelo próprio público.
Por fim, no dia 30, a Sinfónica do Porto-Casa da Música, com o seu maestro titular, Baldur Brönnimann e o pianista Yuri Martinov levam ao Cine-Teatro Garrett obras de Mendelssohn e Beethoven.
Para além da programação central, desenvolvem-se em paralelo masterclasses, exposições de artes plásticas e uma série de recitais por alunos e professores da Escola de Música da Póvoa de Varzim.
Mais informações no site oficial ou na página Facebook do Festival.