Corbyn diz que nova extensão do Brexit é sinal de "falhanço"

Theresa May admitiu que um compromisso com o Labour não será fácil, depois de Bruxelas ter aceitado adiar o Brexit até 31 de outubro.
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O líder da oposição, Jeremy Corbyn, defendeu que uma segunda extensão do Brexit no espaço de 15 dias representa não apenas um "falhanço diplomático" mas "um novo marco" na incapacidade do governo em todo o processo de negociar a saída do Reino Unido da União Europeia.

Corbyn falou depois de a primeira-ministra, Theresa May, informar os deputados britânicos das conclusões do Conselho Europeu extraordinário desta quarta-feira.

May insistiu que a sua prioridade é garantir que haverá um Brexit e faze-lo de forma ordenada para não causar disrupções à vida das pessoas. "Continuo a acreditar que precisamos de sair da União Europeia com um acordo assim que possível", referiu no Parlamento, ao informar os deputados das decisões do Conselho Europeu da véspera.

May explicou que pediu um adiamento do Brexit até 30 de junho, com a indicação de que o Reino Unido poderia sair da União Europeia assim que aprovasse um acordo. "Fiz isto para manter a nossa capacidade de deixar a União Europeia sem precisarmos de ter eleições europeias a 23 de maio", indicou.

As discussões "foram difíceis" e, "sem surpresas", muitos dos nossos parceiros europeus partilharam uma "frustração profunda que sei que muitos de nós sentem nesta Câmara em relação ao impasse".

May contou que muitos parceiros europeus preferiam uma extensão longa do artigo 50 do Tratado de Lisboa, mas que no fim o que resultou foi um "compromisso", isto é, uma extensão até 31 de outubro. A primeira-ministra disse que a decisão de realizar ou não eleições europeias continua a depender da Câmara dos Comuns.

A primeira-ministra rejeitou qualquer condição para a continuação do Reino Unido como membro da União Europeia, dizendo que só existe uma categoria de membro da União Europeia. E que continuará a assumir as responsabilidades previstas nos tratados europeus.

Em relação às negociações com o Labour, May admite que não é prática comum na política britânica e que pode ser "desconfortável" para muitos. Mas defende que em nome do interesse nacional é possível chegar a um acordo, indicando que há sempre a hipótese de votar uma série de cenários para ver qual conseguirá a maioria. E reitera que o Conselho Europeu deixou claro que o acordo de saída não pode ser renegociado.

A primeira-ministra repetiu ainda que lamenta não ter sido ainda possível aprovar um acordo e sair da União Europeia, voltando a lembrar que foram os deputados que não aprovaram esse acordo.

Críticas de Corbyn

O líder da oposição congratulou-se com o facto de May ter aceitado negociar com o Labour, mas lamenta que o convite para a mesa de negociações só tenha chegado depois de a data original do Brexit ter sido ultrapassada.

"As negociações que estão a decorrer entre a oposição e o governo são sérias, detalhadas e continuam, e congratulo-me com o compromisso construtivo até agora", disse Corbyn. "Também me congratulo com as indicações do governo de que podem estar dispostos a ceder em áreas chave que impediram a primeira-ministra de ter o apoio deste lado da Câmara para o seu acordo", referiu.

Corbyn disse que "todas as opções devem estar em cima da mesa, incluindo um novo referendo".

O líder do Labour avisa ainda que o acordo alcançado por May terá que estar garantido na lei, já que a primeira-ministra disse que deixará o cargo quando o Brexit for aprovado e o seu eventual sucessor poderá rasgar tudo.

Na resposta, May lembrou que não está preparada para aceitar a política de Brexit do Labour, tal como o Labour não está preparado para aceitar a sua. "Isto requer compromisso de ambos os lados", defendeu.

No debate, o deputado conservador Bill Cash considerou uma "rendição abjeta" aquilo que May fez, quebrando as promessas que fez centenas de vezes de que não adiaria o Brexit, e perguntou se a primeira-ministra não se vai demitir. "Acho que sabe a resposta a isso", respondeu May.

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