COPO DE ÁGUA FRIA
Agora, a noiva fica logo a saber, no dia do casamento, que afinal havia outra: a Direcção-Geral de Contribuições e Impostos. E que a outra escreve cartinhas, assinando-as pelo diminutivo: DGCI. E que na cartinha ela pede informações, a viciosa, sobre o dia (e a noite) do casamento. Agora, o noivo fica logo a saber que ela teve um affaire com um tal Fisco. E que, como todos os affaires (em bom português, negócio), a coisa envolveu dinheiro. Agora, o padre, no dia de casamento, já não pode fazer o apelo tradicional: "Quem souber, fale agora, ou cale-se para sempre." Já não pode porque, se o fizer, arrisca-se a ver os noivos a rapar de formulários e a deitar-se, em plena capela, a preencher o que sabem no modelo 3 do IRS. Ou, pior, que os noivos se calem para sempre e ele, o padre, seja acusado de conivência na fuga ao fisco. Agora, logo no dia do casamento os noivos ficam a saber que têm um ménage à trois. E que o amante é que é protegido pela Lei (Geral Tributária).