Mais de 100 países, entre os quais Portugal, mas também Estados Unidos e União Europeia enquanto entidade, assumiram o compromisso de reduzir as emissões de metano - considerado o gás de efeito de estufa mais poluente - em 30% durante até 2030 (face aos valores de 2020), naquele que pode ser considerado o avanço mais significativo até ao momento na Cimeira do Clima..A iniciativa, que os especialistas afirmam que pode ter um impacto muito grande a curto prazo no efeito de aquecimento global, surge após o anúncio de que cerca de 100 países concordaram em acabar com a desflorestação até ao ano de 2030.."Uma das coisas mais importantes que podemos fazer entre o dia de hoje e 2030, para manter a meta de 1.5 graus atingível, é reduzir as emissões de metano de imediato" afirmou o presidente norte-americano Joe Biden, referindo-se ao objetivo principal saído do Acordo de Paris de 2015..As palavras de Joe Biden surtiram efeito, tendo em conta que o acordo já foi assinado por mais de 80 nações, sendo um "compromisso de mudança" que agrega os países responsáveis por cerca de metade das emissões de metano a nível global..Alinhada com os Estados Unidos, a União Europeia foi uma peça fundamental para o efetivar deste compromisso que, nas palavras da Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, pode "desacelerar de imediato as alterações climáticas".."Nós não podemos esperar por 2050. Temos que cortar as emissões rapidamente num dos gases de efeito estufa que podemos cortar mais rapidamente", acrescentou..As principais figuras de Estado e de Governo encontram-se em Glasgow para uma cimeira de alto nível de decisão que a Grã-Bretanha espera que funcione como o gatilho para uma ação climática ambiciosa e conjunta durante o COP26..O foco na redução da emissão de gases de efeito de estufa centrava-se até há pouco tempo essencialmente na redução da emissão de dióxido de carbono. Contudo, o metano é considerado como sendo cerca de 80 vezes mais potente do que o CO2 e os campos abertos de carvão de onde é extraído têm recebido pouca atenção por parte dos decisores políticos..No passado mês, as Nações Unidas afirmaram que a emissão de metano a nível global pode ser reduzida em 20% sem praticamente qualquer custo, apenas com a utilização de tecnologias e métodos já existentes..Esta redução pode provocar uma redução de 0.3 graus no aquecimento projetado, salvando cerca de um quarto de milhão de pessoas de morrerem por poluição por más condições do ar..Especialistas na área do ambiente saudaram o compromisso assumido na cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas, encarando-o como sendo muito positivo na luta contra o aquecimento global. ."Cortar as emissões de metano é essencial para se conseguir manter o aquecimento global nas metas pretendidas" disse Helen Mountford do World Resources Institute. "Uma ação rápida e forte na redução da emissão de metano iriá trazer inúmeros benefícios para todo o mundo, desde limitar o aquecimento global como melhorar a saúde pública e a qualidade da comida"..Também para Maria Pastukhova, especialista em energia da organização E3G, um grupo de reflexão europeu, independente, sobre alterações climáticas, o acordo é ecorajador.."O Acordo, feito por países que emitem metade do metano do mundo, é um passo positivo e há muito esperado, pondo em evidência a segunda maior causa do aquecimento global causada pela humanidade. O verdadeiro trabalho começa agora. Antes da COP27, o compromisso tem de conseguir a adesão dos três maiores emissores, China, Rússia, e Índia, apoiados por mecanismos transparentes de governação e monitorização", afirmou..China, Rússia, e Índia não se juntaram aos 103 países que assinaram o Compromisso Global para o Metano..Maria Pastukhova alertou que a indústria do gás, petróleo e carvão devem intensificar esforços para reduzir drasticamente as emissões relacionadas com a energia, mostrando resultados tangíveis nos próximos anos, salientando que a redução das emissões de metano não podem substituir "a necessidade de um esforço global contínuo para reduzir a procura de combustíveis fosseis", se o mundo quiser alcançar a meta de não deixar que as temperaturas globais subam além de 1,5 graus celsius em relação à época pré-industrial.