Convenção do CDS reúne Portas, Cristas e Monteiro
O CDS anunciou ontem em comunicado que a rentrée política, sob a forma de convenção programática, vai decorrer na sede nacional do partido, em Lisboa, a 6 de setembro, com a presença dos ex-líderes centristas Paulo Portas, Assunção Cristas e Manuel Monteiro, para atualizar a Declaração de Princípios e "marcar o ciclo eleitoral" na Madeira e já com as eleições europeias no horizonte. Entre os ex-presidentes do CDS vivos, José Ribeiro e Castro e Francisco Rodrigues dos Santos são ausências que o atual líder democrata-cristão vê como circunstanciais.
Nuno Melo, em declarações ao DN, insistiu que a atualização da Declaração de Princípios do CDS, a missiva que alicerça o partido à sua génese democrata-cristã, é o ponto alto desta entrada no ano político que agora começa. "Para nós, a reformatação da Declaração de Princípios é muito importante, em certa medida como elemento histórico", porque o documento, "que é dos anos 70, ainda fala em descolonização e fala da entrada na CEE [Comunidade Económica Europeia, que antecedeu a União Europeia]. Portanto, é uma declaração política que mostra esse partido fundador da democracia, antigo, experimentado em muitos governos, mas queremos precisamente, neste novo ciclo político, mostrar a evidência do partido que se formata ou reformata para os desafios do século XXI", realça o presidente do CDS.
É, portanto, esta "reformatação" que qualifica a rentrée como uma convenção programática. A elaboração da proposta para atualização da Declaração de Princípios do CDS ficou a cargo do advogado e antigo deputado centrista António Lobo Xavier, que é visto por Nuno Melo como uma das figuras cimeiras centristas neste encontro, a par de Portas, Cristas e Monteiro. "Damos um pontapé de saída com muita força e com muita mobilização e com muita crença em relação ao que vamos ser capazes de fazer", elabora o presidente do CDS, sem perder de vista que esta convenção vai ser também "um sinal político para fora". Sobre a ausência dos ex-líderes do partido José Ribeiro e Castro e Francisco Rodrigues do Santos, Nuno Melo diz que não faz qualquer leitura política. "Tenho apenas que expressar ou dar testemunho daquilo que depende de mim. E o que depende de mim é este sinal de reconciliação, de abertura em que cabem todos, e dou como boas e genuínas as justificações para não poderem estar presentes", diz o líder centrista. "Acredito realmente que só não vão estar porque não podem, por razões pessoais", remata Nuno Melo.
"Direita fragmentada"
Questionado sobre se a Direita em Portugal é incompleta com a ausência do CDS no Parlamento, Nuno Melo prefere vê-la como "fragmentada". "O CDS não está na Assembleia da República, mas o CDS lidera autarquias", relembra o líder democrata-cristão, acrescentando que o partido ainda "está no Parlamento Europeu, onde não está, por exemplo, o Chega nem a Iniciativa Liberal". A projetar o futuro, Nuno Melo encara as eleições regionais da Madeira, ainda este ano, e as eleições europeias, em 2024, como "o grande catalisador para o que se lhe siga".
vitor.cordeiro@dn.pt