Controlo político de militares manteve Salazar no poder
Estes 36 anos correspondem, esclarece o historiador, "só ao período de Oliveira Salazar como chefe de Governo", que Fernando Rosas refere como a "ditadura do presidente do Conselho".
Estas conclusões são expostas pelo historiador no livro "Salazar e o poder. A arte de saber durar", editado pela Tinta da China, no qual tenta "perceber as razões da durabilidade do regime salazarista, a mais longa ditadura da Europa do século XX".
Afirma Rosas que esta durabilidade se deveu também à "censura aos media e aos espetáculos", à "supressão rigorosa das liberdades fundamentais" e a um "sistema de polícias, tribunais especiais e prisões".
Esta é, aliás, a segunda razão apontada pelo investigador, que a conceptualiza como "violência preventiva".
Na opinião de Fernando Rosas, esta "violência preventiva" era exercida através da "vigilância policial dos comportamentos quotidianos", pela PSP e a GNR, mas também pelas "agências estatais de enquadramento e inculcação ideológica", nomeadamente a Mocidade Portuguesa, a FNAT - Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho e a Junta Central das Casas do Povo, entre outras.
O historiador refere também "a ação muito importante da hierarquia e das organizações ligadas à Igreja Católica".
Esta durabilidade no poder resulta da "capacidade de manter, basicamente unidos, os vários setores da classe dominante em torno do salazarismo", mas também porque as oposições ao regime "não lograram suscitar um processo revolucionário, ou outro, suscetível (...) de derrubá-lo".
Fernando Rosas é catedrático de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tem desenvolvido o seu currículo académico em torno da História de Portugal no século XX, com especial acutilância no período do Estado Novo (1933-1974).