Contributo de Portugal
Em vésperas do arranque da conferência sobre as mudanças climáticas que vai reunir 192 países convocados pela ONU, em Copenhaga, a partir da próxima segunda-feira, multiplicam-se as resoluções e os compromissos vindos de todas as latitudes do globo. O que ainda está por apurar é se todos eles conseguem compatibilizar-se num programa único e coerente que distribua de forma justa o esforço de transformação das actividades humanas no sentido de as tornar compatíveis, e não nocivas, ao equilíbrio do clima no nosso planeta.
Portugal, neste debate, apresenta-se com pontos fortes e debilidades quanto à sua própria prática. Subscritor do Protocolo de Quioto - hoje tão criticado por insuficiente, esquecendo, quem assim critica, que o primeiro passo, ainda que inseguro e pouco firme, é sempre o decisivo numa longa caminhada -, Portugal chegará a 2012 com uma emissão de gases com efeito de estufa (GEE) próxima do limite que lhe fora estabelecido. E o reforço da capacidade de produção eléctrica por energias renováveis, empreendido nos últimos cinco anos, pede meças a qualquer outro país no quadro da Europa ou da OCDE. O vento, o sol, as ondas, a água, a biomassa e os biocombustíveis deram um enorme passo em frente, e muitos dos programas lançados estão longe de ter atingido o seu potencial. O resultado conjugado destas mudanças quando chegarmos a 2020, muito provavelmente, colocará o País em condições de superar as metas que a União Europeia avançará para a redução global dos GEE emitidos para a atmosfera daqui a uma década.
Já na frente da eficiência energética o balanço parece ser bem mais modesto. Ela tem de envolver o conjunto da população portuguesa para que se concretizem as poupanças energéticas necessárias nos transportes, na indústria, na agricultura, nos serviços, nas residências, nas instituições públicas. Do que se trata é de produzir mais consumindo menos energia por unidade final de produto, mas também de mudar de paradigma energético: os hidrocarbonetos estão no seu ocaso, a microgeração e os transportes baseados nos veículos eléctricos, com o desenvolvimento de baterias muito mais eficientes e uma rede adequada de abastecimento, serão nos próximos anos o seu rosto mais visível. O essencial é que essa aposta se mantenha inalterada por muitos e bons anos.
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