Consumo de TV aumenta em várias plataformas
O número de telespectadores aumentou no conjunto dos que vêem televisão através do televisor clássico e dos que usam as novas plataformas, refere a auditora Accenture, que alerta para uma consequente fragmentação das au- diências. Isto mesmo apesar da crise (ver caixa).
Na 2.ª edição do seu estudo, junto de 14 mil consumidores em 13 países (para aferir diferentes mercados), a Accenture concluiu que os consumidores de televisão viram seis vezes mais canais de televisão (40%) este ano do que em 2008 (35%) e viram oito vezes mais programas por semana (39% este ano contra 33%, em 2008).
O número de inquiridos que referiu ver conteúdos de TV noutros dispositivos também aumentou este ano face ao anterior (13%), com a Accenture a indicar que este aumento se verificou nos computadores pessoais (74% este ano, contra 61% em 2008) e nos telemóveis (45% este ano, contra 32%, em 2008).
Numa análise aos mercados mais e menos desenvolvidos, a auditora observou que, por exemplo, no México, Brasil e Malásia (países menos desenvolvidos) os consumidores têm três vezes mais interesse em ver televisão no telemóvel do que os dos países ditos de-senvolvidos, como EUA, Alemanha e Reino Unido. Segundo a Accenture, serão entre 65%/71% nos países menos desenvolvidos, contra 22%/26% dos consumidores dos países desenvolvidos.
Por outro lado, em qualquer grupo etário, os consumidores são mais decididos nas suas preferências, mas sobretudo nos mercados ditos maduros como o Japão, EUA e Reino Unido. "Os consumidores estão a fazer escolhas baseadas no que experimentam e gostam ou rejeitam, estando a seleccionar conteúdos e as suas plataformas de distribuição", explica David Wolf, investigador da Accenture.
"Se hoje, os produtores de conteúdos não conhecerem as expectativas dos telespectadores, será muito difícil vender-lhes o quer que seja mais tarde, mesmo que os serviços evoluam. Estes produtores enfrentam uma necessidade urgente de captar a sua lealdade agora - respondendo à mudança de hábitos de consumo - ou terão de competir com outros conteúdos noutros dispositivos", avisa o mesmo responsável da Accenture.
Esta leitura é confirmada pelo facto de 73% dos telespectadores serem bastante fiéis aos seu programas preferidos, que seguem em mais de um canal, sendo muito menos fiéis ao canal a que o conteúdo pode estar associado.
Apesar de disporem de novos meios (Internet ou os guias dentro do menu da sua televisão) para encontrar os conteúdos da sua preferência, os telespectadores ainda recorrem à via tradicional, ou seja, 40% liga à publicidade, 33% faz zapping na TV, 33% ouve as recomendações dos amigos e familiares e 28% consulta revistas da especialidade.
Mas nos países desenvolvidos, o interesse dos telespectadores tende a diminuir à medida que a idade avança. Por exemplo, nos EUA, 50% dos telespectadores abaixo dos 25 anos revelou gostar de ver televisão no telemóvel, enquanto apenas 9% acima dos 55 anos admite gostar dessa via.
A lealdade é completamente contrária nos países menos de-senvolvidos. Por exemplo, na Malásia, 71% das pessoas do grupo dos 25-34 anos demonstrou interesse em ver TV via telemóvel, caindo para os 64% nos 35-44 anos, 53% nos 45-54 anos e a saltar para os 69% no grupo dos 55 anos.