Consultas pela Net aumentam e ministério vai dar mais 1300 câmaras
Os hospitais e centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde vão receber mais de 1300 câmaras para realizarem telemedicina. O recurso a esta opção, que liga através do computador doentes e médicos separados por centenas de quilómetros, permite dar resposta em várias especialidades onde elas não existem. Desde 2014 até fevereiro deste ano, foram registadas quase 42 mil consultas. A região Centro realizou nestes três anos e dois meses quase metade do total nacional. Segue-se o Norte com 12 mil teleconsultas, Alentejo com 10 mil, Algarve com mais de 4 mil e Lisboa e Vale do Tejo com mil.
"Nos primeiros dois meses de 2017 registámos uma duplicação do número de teleconsultas em relação ao período homologo do ano anterior. Temos vindo a aumentar a realização de teleconsultas mas até agora de forma linear. Acredito que no primeiro trimestre desde ano vai aumentar de forma acentuada, pois as Unidades Locais de Saúde estão a envolver-se muito nesta área", diz ao DN Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Minsitério da Saúde (SPMS).
Existem projetos de telecardiologia pediátrica, fetal e de adultos, telenfermargem, teledermatologia, Tele Via Verde do AVC, teleoncologia, cuidados de nefrologia, monitorização de doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e teleconsulta de dispensa de medicamentos. O objetivo é agora fazer crescer estes projetos e assegurar a sua continuidade. "Queremos começar a fazer a ligação entre os hospitais e os centros de saúde. Já distribuímos 200 câmaras e estamos em processo de compra de mais 1300. A expansão está a ocorrer porque as unidades estão interessadas." O Centro Nacional de Telessaúde, recentemente criado, será um polo dinamizador. "Terá várias unidades: investigação, teleformação, plataforma de e-learning e uma unidade de prestação de serviços que vai incluir o centro de contactos do SNS (Saúde 24)", diz.
Uma experiência com 20 anos
Uma das teleconsultas mais antigas é a de cardiologia pediatria e fetal criada pelo serviço do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC). "Em 1998 demos 19 consultas, no ano passado foram mais de duas mil consultas. Temos todos os hospitais da zona centro e Vila Real de Trás-os-Montes ligados ao CHUC. Isto permite que todas as crianças tenham as mesmas condições de acessibilidade à saúde como se estivessem nos três grandes centros onde existe cardiologia pediátrica: Lisboa, Coimbra e Porto", diz Eduardo Castela, diretor do serviço que conta com nove médicos. De cardiologia fetal somam-se 950 consultas realizadas até agora.
"É um hospital virtual dentro do hospital pediátrico. Temos consultas semanais com cada um dos hospitais e aproveitamos a rede para oferecer a todas estas unidades atendimento de urgência 24 horas por dia de cardiologia pediátrica e fetal. Funciona tudo como numa consulta presencial: através do computador temos imagens e som em tempo real, falamos com os pais e com o médico que está do outro lado e fazemos o diagnóstico", diz, referindo: "Doentes e família estão muito satisfeitos. Têm o diagnóstico e os cuidados sem ter de fazer quilómetros para a consulta".