Consultas para deixar de fumar aumentaram 25% durante este ano
O ator Diogo Infante, 50 anos, deixou de fumar há uma década, quando estava quase a fazer 40. Quando tomou a decisão, foi a uma consulta de cessação tabágica. A procura por essas consultas é cada vez maior, ao ponto de terem assinalado um crescimento de 25% este ano, segundo dados avançados pela Direção Geral de Saúde (DGS) ao DN. Hoje celebra-se o Dia Mundial do Não Fumador.
Diogo Infante conta como conseguiu:"Tive acompanhamento médico, fui a uma consulta de cessação tabágica e tomei um comprimido chamado Champix, que é um tratamento inibidor dos recetores da nicotina no cérebro. O efeito émuito rapído. No espaço de duas semanas nota-se uma redução significativa no núemro de cigarros até que se deixa de fumar de todo".
Em dez anos, o ator não voltou a pegar uma única vez num cigarro. E não se arrepende. "Não voltei atrás na decisão e congratulo-me com isso porque sinto-me muito melhor, a minha qualidade de vida melhorou signigicativamente", contou o ator, que diz ter tomado a decisão "na altura certa". Primeiro, porque estava à beira dos 40 "quando as células deixam de regenerar". E depois, porque foi em simultâneo com a lei anti-fumo de 2007, a proibir o hábito de fumar em quase todos os recintos fechados, incluindo restaurantes, bares e discotecas.
"Noto muitas diferenças na resistência física que adquiri e no sentido olfativo e degustativo. Em geral, os sentidos estão mais apurados desde então", garante. Para quem trabalha com a voz, os ganhos são inestimáveis. "O mais importante foi ter recuperado o timbre da minha voz e a capacidade respiratótruia que estava diminuída. Ser ator é como ser atleta e era muito importante ter o meu instrumento saudável".
Portugal ainda tem 1.780.490 milhões de fumadores com 15 ou mais anos. Mas o número de pessoas que procura ajuda para deixar o vício não pára de subir. "Há uma clara tendência de aumento das consultas, que se acentua de forma relevante no ano de 2017, com um crescimento superior a 25%". Em 2015 realizaram-se 30.706 consultas de cessação tabágica, em 2016 foram 31.791; no primeiro semestre de 2017 foram 19.889 (segundo dados provisórios).
O foco atual da DGS é na população feminina, onde se tem registado um aumento do consumo "enquanto se assiste a uma redução nos homens". "Está em preparação uma campanha destinada às mulheres jovens, que vão ser o alvo preferencial no ano de 2018, por forma a tentar inverter o ciclo de crescimento, com instrumentos de comunicação muito adaptados a este segmento-alvo da população".
Segundo o Inquérito Nacional de Saúde (INS) de 2014, na população residente em Portugal com 15 ou mais anos, eram fumadores 27,8% dos homens (1.155.611) e 13,2% das mulheres (624.883). Ainda de acordo com o INS, os homens fumavam em média 16 cigarros por dia e as mulheres 11. Mais de metade dos homens disseram fumar em média entre 11 a 20 cigarros por dia; 60% das mulheres indicaram fumar um máximo de 10 cigarros por dia.
Em Portugal morrem cerca de 11.000 pessoas, uma a cada 50 minutos, por doenças provocadas ou agravadas pelo consumo do tabaco. Em 2016, segundo estimativas do Institute for Health Metrics and Evaluation, morreram cerca de 1000 pessoas por doenças atribuíveis à exposição ao fumo ambiental.
A meta da DGS até 2020 é "atingir uma prevalência de não fumadores superior a 83%".