O cônsul honorário mais antigo foi hoje aplaudido na abertura do seminário "Rede honorária de Portugal no Mundo: Realidade e Potencial", recebendo felicitações do primeiro-ministro, António Costa, e do secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro. .Carlos Pereira de Lemos, condecorado pelos Estados português, de Timor-Leste e Austrália, é responsável por um consulado honorário que presta serviço a uma comunidade de cerca de 18 mil pessoas. ."Chegamos a receber 60 chamadas por dia", comentou, à Lusa. No consulado honorário trabalha "uma pessoa e meia", porque "não há dinheiro para pagar salários". .Do Governo português recebe "um pequeno subsídio", que não cobre as despesas.."Não é um grande negócio ser cônsul honorário", ironiza, mas a falta de dinheiro é compensada com "a honra de representar o país".."Para quem vive fora de Portugal, estas coisas têm um significado ainda mais importante", comentou..O seu consulado e o de Perth são os únicos que estão autorizados na Austrália a emitir os documentos, mas Carlos Pereira de Lemos reclama mais meios e critica a "relutância" do Ministério dos Negócios Estrangeiros em alargar as competências dos consulados honorários.."Os cônsules honorários não são estúpidos, são pessoas capazes de fazer coisas e são responsáveis", comentou. .Pedro Gonçalves, cônsul honorário em Los Teques, Venezuela, afirma que "seria uma maravilha" se as suas funções fossem alargadas.."A minha comunidade [mais de 40 mil pessoas] é uma comunidade esquecida. Nestes sete, oito anos, foram feitos perto de 15 mil atos consulares", mas o consulado honorário limita-se a reencaminhar a documentação para os serviços de Caracas, descreveu..Pedro Gonçalves, natural da Madeira, relata que "entre 10 a 15 por cento dos jovens estão a sair" da Venezuela, principalmente para países hispânicos, enquanto os idosos preferem regressar a Portugal, "por causa da saúde e dos medicamentos".."Eu continuo a apelar à minha comunidade que tenha paciência, força e que continue a trabalhar por esse grande país, com grande riqueza, que recebeu a nossa comunidade de braços abertos", comentou Pedro Gonçalves, que trabalhou com o Governo do antigo Presidente Hugo Chávez. .Durante dois dias, quase metade dos 234 cônsules honorários participam em Lisboa no primeiro encontro com membros do Governo e responsáveis públicos..Nem todos são portugueses e alguns têm mesmo relações muito longínquas com Portugal..É o caso do turco Aaron Nommaz, cônsul honorário em Istambul, cujos ascendentes, há mais de 500 anos, eram portugueses.."Mas ainda mantemos uma ligação a Portugal, comemos açorda", descreveu..Em Istambul, a comunidade portuguesa é diminuta (cerca de 70 pessoas), mas a projeção de alguns dos emigrantes -- caso do futebolista Ricardo Quaresma -- garante uma forte admiração entre os turcos, "apaixonados por futebol"..Abraão Freitas Valinhas Júnior "herdou" o cargo que o seu pai ocupou durante mais de 20 anos, em São Luís (Maranhão, Brasil)..Os cerca de 1.200 portugueses ali residentes - uma comunidade que está a crescer - já conseguem tratar da documentação naquele estado brasileiro, relatou. .Os pedidos de nacionalidade portuguesa justificam uma grande procura, mas os processos estão agora suspensos dada a demora na resposta dos serviços portugueses, de cerca de um ano, descreveu..Nalguns casos, os cônsules honorários têm como principais funções promover negócios ou contactos entre as sociedades civis. .O cônsul honorário em Haifa, Israel, Yoni Essakow, quer incentivar programas de intercâmbio de estudantes do ensino secundário entre os dois países, além de promover a cooperação em programas de investigação marítima entre as universidades..Já o espanhol Rafael Pérez é cônsul honorário em Málaga (Espanha), a província na Andaluzia com mais portugueses (cerca de 6.000).."Os últimos 10 anos foram uma década prodigiosa, porque o investimento português tem sido brutal", comentou.