O departamento de combate à criminalidade económica da Polícia Judiciária tem pendentes várias investigações sobre os negócios de empresas do grupo Obriverca. Alegadas irregularidades praticadas pela construtora, em Odivelas e Vila Franca de Xira, estão também a ser investigadas pelo Ministério Público, enquanto a Inspecção-Geral de Administração do Território enviou para o Tribunal de Almada um processo em que recomenda a nulidade do licenciamento de um imóvel, construído na orla costeira de Sesimbra. Em Odivelas, os inspectores encontram ainda indícios de violação dos deveres municipais em obras da construtora. .Detentora dos terrenos da ex-Sociedade Nacional de Sabões, pelos quais passa o canal de amarração da terceira travessia do Tejo, contemplada no PDM de Lisboa, o grupo empresarial viu-se envolvido na discussão entre a Câmara de Lisboa e o Governo sobre os direitos eventualmente adquiridos com a autorização de loteamento. .Num percurso de duas décadas, polémicas e críticas nunca faltaram à construtora, que optou por um core business quase exclusivamente de habitação residencial ou de negócios, apostando em projectos de vulto, diferentes da habitual traça portuguesa - há quem lhes chame urbanizações espanholadas - com re- levo para espaços verdes exóticos. À qualidade das urbanizações, defendida por uns, somam-se as críticas de outros: a empresa é acusada de actuar à revelia de licenciamentos, de não respeitar embargos dos tribunais, de fechar os olhos a servidões e outras condicionantes administrativas e de ultrapassar os índices de construção permitidos..A ascensão da Obriverca, fundada em 1986 por Eduardo Rodrigues, Luís Filipe Vieira e Joaquim Marto (já falecido), com uma quota de 500 contos cada um, foi meteórica, sendo hoje o império económico constituído por mais de 40 empresas, em diferentes ramos de actividade. .O presidente do Sport Lisboa e Benfica veio a sair, formalmente, da Obriverca em 2001, mas alguns familiares seus ainda se mantêm na estrutura empresarial. É também na família que Eduardo Rodrigues se apoia: as duas filhas, Sandra e Ana Filipa, integram actualmente a administração de várias empresas do grupo. .Aproveitando as oportunidades de negócio que iam surgindo na sua área de influência - a Grande Lisboa -, a empresa foi revelando especial apetência para a requalificação de solos industriais (Fábrica de Material de Guerra, em Lisboa, fábrica de loiça, em Sacavém, ou Mague, em Alverca, por exemplo) e para a recuperação de edifícios inacabados (Mar da Califórnia e Quinta do Mocho). .Em 1999, essa visão empresarial resultou na constituição da sociedade Jardins de Braço de Prata, entre a Obriverca e Paulo Castro Nabais, da Somague. A empresa apanhou a meio a discussão sobre o Plano de Urbanização da Zona Ribeirinha Oriental, entretanto lançado pela câmara e pelo qual se viabilizaria a construção de uma urbanização nos terrenos da antiga fábrica..Nabais abandonou o projecto já este ano, deixando Ana Filipa Rodrigues na administração. A trilogia familiar é partilhada na sociedade Alcântara Rio, formada em 2000. Nesse ano, em associação com Simão e Miguel Soares da Costa, Eduardo Rodrigues constituiu a Mar da Califórnia, empreendimentos. A designação-mãe foi aproveitada, em 2005, para a constituição da Mar da Califórnia, actividades hoteleiras. .O impulso pela oportunidade levou, em 2001, à constituição da Lismarvila, com 100 mil euros. Eduardo Rodrigues preside à administração, partilhada com Simão Soares da Costa e Joaquim do Vale Tarré. .Para a elaboração deste trabalho, o DN quis falar com Eduardo Rodrigues, que não estava disponível, o mesmo sucedendo com as outras administradoras.