Construção da A26 entre Sines e Beja foi equívoco técnico
A decisão foi "um equívoco técnico", porque "o tráfego previsto não justificava a criação de uma autoestrada dispendiosa para ficar literalmente sem trânsito", refere a EP, numa resposta por escrito a perguntas colocadas pela agência Lusa.
Segundo a EP, nas obras canceladas de construção dos lanços da A26 entre Relvas Verdes e Grândola e entre Santa Margarida do Sado e Beja "foram gastos cerca de 35 milhões de euros".
Este montante não foi "dinheiro investido", "mas sim fundos mal aplicados, que nunca trariam qualquer benefício significativo à economia", considera a EP, referindo que, atualmente, é "precipitado adiantar qual a melhor forma e se será útil aproveitar as infraestrutura já existentes".
O cancelamento das obras dos lanços, decidido no acordo de renegociação do contrato da subconcessão Baixo Alentejo, que inclui a construção da A26, entre a EP e a concessionária, a Estradas da Planície, permitiu poupar "cerca de 60 milhões de euros" aos contribuintes, frisa a empresa.
Até agora, precisa, a Estradas da Planície, no âmbito da subconcessão Baixo Alentejo, cujo projeto inicial previa um investimento de 372 milhões de euros, realizou obras "num valor próximo dos 100 milhões de euros", mas o Estado ainda não efetuou "qualquer pagamento", porque as remunerações à concessionária "apenas terão início em 2014".
Por outro lado, lembra, a renegociação do contrato da subconcessão Baixo Alentejo permitiu ao Estado poupar 338 milhões de euros, sendo 199 milhões de euros relativos à redução de investimento não adequado e 139 milhões de euros a operações de manutenção, que passarão a ser asseguradas pela EP e não pela concessionária.
Segundo a EP, as obras da subconcessão Baixo Alentejo estão paradas "há vários meses" e só o acordo de renegociação do contrato permitiu criar condições para "assegurar a sustentabilidade financeira do projeto e retomar os trabalhos".
Através do acordo, no âmbito da A26, só serão retomadas e concluídas as obras dos lanços entre Sines e Santo André, entre Sines e Santiago do Cacém e entre o nó de Grândola Sul da A2 e Santa Margarida do Sado.
O acordo levou também ao cancelamento das obras de construção dos lanços do IP2 entre o nó de Monte de Pinheiros e o nó de Ramal e de duplicação do IP8 entre Relvas Verdes e Roncão.
Das restantes obras paradas, serão retomadas as de requalificação do IP2 entre São Manços e Castro Verde e de construção do lanço do IP2 entre Évora (nó com a A6) e o nó do Monte de Pinheiros, duas vias que sairão da subconcessão e voltarão para a esfera da EP para operação e manutenção.
Sobre a eventual requalificação do IP8, que é exigida por várias entidades do Baixo Alentejo e do Alentejo Litoral, em alternativa ao cancelamento dos lanços da A26, a EP refere que a estrada "continuará a oferecer boas condições de circulação e segurança" adaptadas ao tráfego existente entre a A2 e Beja, que, atualmente, é de 5.550 veículos por dia.