Conselho do Pulitzer vai investigar alegações de má conduta contra Junot Díaz
"O Sr. Díaz foi eleito presidente em exercício, em abril, durante a reunião do conselho, como é costume para esses membros do conselho. Ele pediu para renunciar a esse cargo e o conselho aceitou o seu pedido. O Sr. Díaz permanece no conselho", lê-se numa declaração publicada no 'site' do prémio.
Na mesma declaração, aquele organismo adianta que Junot Díaz se mostrou favorável e se afirmou "plenamente cooperante" em relação à iniciativa do conselho de avaliar as alegações feitas contra ele.
Eugene Robinson, o anterior presidente, retomou o cargo, a título provisório.
O escândalo envolvendo Junot Díaz rebentou na semana passada, quando a escritora Zinzi Clemmons o acusou, durante o Festival de Escritores de Sydney, na Austrália, de conduta imprópria há seis anos, quando ela ainda era estudante.
A escritora lançou as acusações durante uma entrevista coletiva, no momento em que questionava o autor sobre um ensaio que publicou na revista New Yorker, no qual relatava a violência sexual que sofreu aos oito anos.
Na sequência desta acusação, Junot Díaz abandonou o Festival.
No entanto, o episódio não se ficou por aqui: Zinzi Clemmons escreveu mais tarde na sua conta de Twitter que, quando tinha 26 anos, Junot Díaz a beijou à força.
Após esta publicação, as escritoras Carmen María Machado e Monica Byrne escreveram também no Twitter que haviam sido igualmente vítimas do comportamento inadequado e da conduta agressiva de Díaz.
Num ensaio da New Yorker, publicado no mês passado, Junot Díaz escreveu sobre o legado do trauma infantil, revelando que foi repetidamente violado por um adulto, quando tinha oito anos de idade.
Junot Díaz, também professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), venceu o Prémio Pulitzer para ficção em 2008, com a obra "A breve e assombrosa vida de Oscar Wao", e é considerado uma das vozes latinas mais aclamadas da sua geração.
As acusações contra o escritor surgiram no mesmo dia em que a Academia Sueca anunciou o adiamento do Prémio Nobel de Literatura para 2019, após denúncias de assédio e de violência sexual, de 18 mulheres, contra Jean-Claude Arnault, influente figura da cena cultural sueca e casado com a escritora e membro da Academia Katarina Frostenson.