Consagração caseira de Murray confirma nova ordem mundial

Desta vez Andy não deu hipóteses a Djokovic: confirmou a ultrapassagem ao sérvio e tornou-se o primeiro britânico a vencer o ATP World Tour Finals e a terminar o ano como n.º 1
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O que há meio ano parecia quase impossível, confirmou-se ontem de forma muito natural: Andy Murray vai mesmo terminar 2016 como o n.º 1 do ranking ATP. O tenista britânico reafirmou a nova ordem mundial, com um triunfo categórico sobre o anterior líder da hierarquia, Novak Djokovic, na decisão do ATP World Tour Finals (6-4 e 6-3). E viveu "um dia muito especial": a consagração caseira, na O2 Arena, em Londres, numa façanha com contornos históricos.

Os números falam por si: com nove títulos - Jogos Olímpicos Rio 2016, Wimbledon, Queen"s, Paris, Roma, China, Xangai, Viena e ATP World Tour Finals - e 90% de triunfos nos encontros disputados (78 vitórias, nove derrotas), Andy Murray foi o mais bem-sucedido tenista em 2016. A vitória de ontem, a 24.ª consecutiva, a render o nono troféu da temporada, só serviu mesmo para confirmá-lo diante do homem que liderava o ranking mundial até há duas semanas. Novak Djokovic ainda criou a ilusão de que podia conseguir uma reviravolta inédita na última partida da época - seguiu imperial até à final do torneio e começou bem o jogo decisivo. Contudo, acabou por ser mais um espectador da consagração do primeiro tenista britânico a vencer o ATP World Tour Finals e terminar o ano como n.º 1 mundial.

Quem ganhasse a competição terminaria o ano civil no trono. E Andy Murray agarrou-se a esse lugar na história - apesar do desgaste (tinha jogado mais duas horas e meia do que Djokovic na véspera), mostrou-se fresco e calmo, errando muito menos do que o rival. Depois de desperdiçar dois pontos de break (com 3-2), o britânico não enjeitou uma nova chance de quebrar o serviço do sérvio (aos 4-3): fez o 5-3 e fechou o primeiro set logo de seguida.

No segundo parcial, Murray voltou a quebrar o serviço de Djokovic (logo na abertura e, depois, a alargar a vantagem para 4-1). E o break na resposta do sérvio (para 4-2) apenas adiou o inevitável: minutos depois, mais um erro não forçado do balcânico selou o triunfo do escocês na partida, no campeonato... e no ranking final de 2016.

O britânico, de 29 anos, deixou cair a raquete, ergueu os braços para as bancadas e agradeceu: acabara de vencer o primeiro tira-teimas com o ex-líder. Murray apenas tinha ganho dois dos 15 encontros realizados contra Djokovic desde o início de 2014. "Obviamente foi um dia muito especial. Já tinha perdido muitos jogos contra ele, foi muito bom vencê-lo. E acabar o ano como n.º 1 é muito especial e algo que nunca esperei", afirmou, no fim.

Na verdade, ninguém o esperava depois do início de temporada de Novak Djokovic. O tenista sérvio começou 2016 em alta - sete títulos, entre Open da Austrália, Roland--Garros, Canadá, Miami, Madrid, Indian Wells e Qatar -, completando uma série de quatro Grand Slam de seguida (ganhara Wimbledon e US Open em 2015) e quebrando, por fim, o enguiço no pó de tijolo francês. No entanto, a partir daí, entrou em quebra e permitiu a ultrapassagem de Murray. "Eu tenho muito a recordar, principalmente da primeira parte do ano. Mas ele é o n.º 1 e merece-o. Mereceu ganhar", admitiu o sérvio, que se viu arredado da liderança ao fim de 122 semanas no topo da hierarquia.

O escocês (radicado em Londres) reencontrou o caminho das vitórias quando voltou a ser treinado pelo ex-jogador norte-americano Ivan Lendl, a partir de junho - "foi uma grande ajuda, tal como toda a equipa", frisou. "Ser n.º 1 significa muito para mim. Em janeiro não pensava nisso, nunca tinha estado perto, mas proporcionou-se. No fim do ano, estava muito focado para consegui-lo e aconteceu mais cedo do que pensava", disse Murray na hora da consagração. Agora, tem tempo para saborear a liderança.

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