Conheça os cursos de excelência fora de Lisboa e Porto
Foi na adolescência que José Pedro Borrego, de 42 anos, começou a interessar-se pelas telecomunicações. Natural de Almeirim, procurou envolver-se com as rádios locais, tendo depois decidido que o futuro passaria por entender aquela tecnologia, os circuitos. Ingressou na licenciatura de Engenharia Eletrónica e Telecomunicações, na Universidade de Aveiro (UA), em 1994/95. "Era uma das poucas licenciaturas em Telecomunicações em Portugal e tinha muito boas referências do curso", recorda.
Essas referências mantêm-se, e a licenciatura da UA continua a ser considerada de excelência, tal como o curso de Engenharia de Materiais na mesma instituição de ensino superior. Depois de as universidades e politécnicos de Lisboa e Porto terem reduzido o número de vagas por curso para cumprir o corte imposto pelo Governo para levar mais alunos para o interior, o DN apresenta-lhe alguns cursos de sucesso fora dos dois grandes centros de urbanos. Uma lista onde entram, por exemplo, a licenciatura em Design de Moda, na Universidade da Beira Interior, e o curso de História e Arqueologia, na Universidade de Évora.
José Pedro Borrego, funcionário da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), não tem dúvidas de que a licenciatura de Engenharia Eletrónica e Telecomunicações da UA é uma referência na área. "Quando nos apresentamos, as pessoas reconhecem o valor e as capacidades de quem passou pelo curso, quer a nível nacional, quer internacional. É um bom cartão de visita", sublinha, destacando a exigência do curso e a abrangência dos conhecimentos adquiridos na licenciatura. "É um curso de banda larga. Ensina-nos a pensar e tem uma componente prática fortíssima".
As condições oferecidas pela UA também contribuem, segundo José Borrego, para o sucesso do curso: "Os laboratórios e as unidades de investigação são de excelência. É uma universidade nova e dinâmica".
Para Nuno Borges de Carvalho, diretor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da UA, o facto de o curso ter sido "um dos primeiros especializado em eletrónica e telecomunicações" no país é algo que o distingue. "Por outro lado, ao contrário do habitual, surgiu de uma necessidade empresarial, para responder às necessidades da PT, pelo que tem uma visão muito mais empresarial do que o normal".
Já este ano, a licenciatura sofreu uma remodelação profunda, que "trouxe as empresas para a sala de aula". Por tudo isto, realça, "é uma referência a nível nacional". Passou de 80 para 83 vagas, que têm sido desde sempre preenchidas na íntegra, e "a taxa de empregabilidade é muito próxima dos 100%".
Não foi a paixão que levou João Meireles, de 23 anos, a matricular-se no curso de Enologia na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas o encantamento surgiu depois, "ao conhecer o mundo da enologia". Pelas ligações familiares a Vila Real e pelas referências, queria estudar na UTAD. "E tinha curiosidade, encarava a Enologia como um desafio", diz ao DN, lembrando que, ao mesmo tempo, o vinho português entrava cada vez mais na moda.
Atualmente a gerir uma sociedade de apoio a agricultores, que quer produzir o seu próprio vinho, João Meireles considera que a licenciatura é muito completa do ponto de vista teórico, embora lhe falte alguma componente prática.
O número de vagas para a licenciatura de Enologia na UTAD - única no país - passou de 29 em 2013/14 para 42 no ano letivo 2018/19. Para Carlos Ribeiro, diretor do curso, este aumento "revela uma grande procura e uma grande sensibilidade para uma área que do ponto de vista económico, empresarial e de empregabilidade tem uma grande atratividade no contexto nacional. Até pelo volume de negócios, que ronda os 2 000 milhões de euros por ano".
A existir como licenciatura desde 1989, o curso de Enologia tem "um corpo docente fortemente empenhado e um currículo que se tem ajustado às necessidades do meio empresarial. Destaca-se, ainda, a dedicação dos estudantes e a extraordinária capacidade de, ao longo de 30 anos, transporem para a realidade empresarial o conhecimento académico e laboratorial". Fatores que, conta Carlos Ribeiro, levaram à valorização dos vinhos nacionais dentro e fora do país.
Lançado recentemente, o laboratório colaborativo "Vines & Wines", relacionado com a vinha e o vinho, valorizou ainda mais a licenciatura. "Permite dar uma resposta mais rápida e eficaz aos problemas das empresas e podemos mais facilmente fazer aplicação da evolução científica, técnica e tecnológica desenvolvida na investigação", frisa o diretor do curso, destacando que a taxa de empregabilidade ronda os 100%.
A licenciatura em História e Arqueologia na Universidade de Évora também é considerada de excelência, nomeadamente pela possibilidade de dupla titulação com a Universidad Extremadura e pela proximidade ao Laboratório Hércules. Segundo Laura Largueiras, de 25 anos, que terminou a licenciatura em 2014, essa colaboração é "fundamental para um conhecimento arqueológico mais aprofundado, obtido pela análise geológica". E este "é um laboratório de excelência a nível europeu", como destaca Leonor Rocha, adjunta da diretora do curso.
Natural de Elvas, Laura teve em conta a localização quando escolheu a licenciatura de História a e Arqueologia, vertente de Arqueologia, na Universidade de Évora. "Além deste fator, acresce o plano de estudos onde se combina a área de referência de História com diversos percursos, o que permite ter uma formação sólida e diversificada, com base na história, essencial para o enquadramento histórico e das opções extra curriculares que procuram alcançar a complementariedade da área de referência ou do percurso escolhido, no meu caso, Arqueologia", justifica.
Mas foi sobretudo a componente prática que motivou a escolha da jovem, que atualmente trabalha em programas do município de Elvas. "Durante o verão podemos participar em campanhas de escavação e durante os semestres temos diversas saídas de campo (as designadas prospeções arqueológicas) direcionadas pelo corpo docente. Deste modo, podemos aplicar os conhecimentos lecionados em "sala de aula" em terreno, elemento diferenciador das restantes universidades", salienta.
Para o próximo ano letivo, há um aumento de cinco vagas. "Passámos de 20 para 25, também porque se reconhece que a licenciatura está bem posicionada a nível nacional e tem uma elevada procura", revela Leonor Rocha. A proximidade com a Universidad Extremadura e a possibilidade de dupla titulação com a instituição - onde existe a licenciatura de História, mas não de Arqueologia - "também atrai bastantes alunos".
Instituto Politécnico de Setúbal
Curso: TESP em Tecnologias e Programação de Sistemas de Informação
Motivo: Ligação a Deloitte e programa piloto BrightStart
Universidade da Beira Interior
Curso: Licenciatura em Design de Moda
Motivo: Ligação a Museu dos Lanifícios
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Curso: Licenciaturas em Contabilidade e Design Industrial
Motivo: Forte industrialização da zona envolvente
Instituto Politécnico de Coimbra
Cursos: Licenciatura em Gestão de Bioindústrias Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território
Motivo: Cursos em Oliveira do Hospital e proximidade a BLC3
Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Cursos: Licenciatura em Enfermagem
Motivo: Referência na área
Universidade de Coimbra
Cursos: Licenciatura em Engenharia Informática
Motivo: Ligação a Instituto Pedro Nunes e Critical Software
Instituto Politécnico de Beja
Cursos: Licenciatura em Engenharia Informática
Motivo: Referência na área de Cibersegurança
Escola de Enfermagem de Coimbra
Curso: Licenciatura em Enfermagem
Motivo: Referência na área
Instituto Politécnico de Castelo Branco
Cursos: Licenciatura em Gestão Hoteleira, Gestão Turística e Licenciaturas em Música com variantes em Canto, Formação Musical, Instrumento, Música Eletrónica e Produção Musical
Motivo: Monsanto Geo-Hotel Escola e referência na área da Música