Conheça a Casa Matias: o queijo está-lhes no sangue
José Matias, o director executivo da empresa, desfia com orgulho a história centenária do projecto familiar que se tornou uma pujante produtora de queijos, de vocação internacional. "É uma história com quase 200 anos, que vem do tempo dos meus tetravós, pessoas da serra da Estrela ligadas à produção de gado e queijo, numa lógica de auto-suficiência. Com o evoluir dos tempos, os queijos começaram a ser comercializados em pequenas feiras. E o grande salto dá-se há cerca de 50 anos, com o meu pai e a minha mãe (António e Rosa Matias), que, quando se casaram, decidiram iniciar uma vida na área dos queijos", recorda.
Então, "não era precisa qualquer comercialização, os queijos estavam vendidos por natureza: romarias de pessoas, de Lisboa, do Porto, de todo o País" vinham a casa dos Matias comprar queijos. Mas o projecto foi sabendo evoluir - uma constante ao longo dos tempos. A Casa Matias certificou o produto seguindo normas comunitárias, aliou-se a um intermediário que punha os queijos no mercado e, quando esse acordo se extinguiu (1998), autonomizou-se como marca.
Foi por essa altura que José Matias, recém-formado em Engenharia Agronómica, se juntou ao projecto dos pais (tal como a irmã, Rosa, directora-geral da marca, já fizera). "Quis continuar o trabalho da família e levá-lo mais além. Tinha uma força interior muito grande que me dizia que o caminho era por aqui", lembra. Na altura, esse sentimento foi encarado com cepticismo pelo pai António, que preferia outra vida para o filho e o fez começar por baixo ("a ordenhar ovelhas, a gerir a produção agropecuária"). Mas daí à gestão da queijaria foi um salto - como o pulo que a empresa haveria de dar sob a sua gestão, mais profissional e informatizada.
Hoje, 15% das vendas da Casa Matias já são para exportação (Brasil, Luxemburgo, Suíça, França, Espanha), mas José sonha em chegar aos 50% a curto-médio prazo, mesmo continuando a crescer a nível nacional. E tudo assentou na mesma filosofia. "Fiz com que os clientes acreditassem no projecto. Isto é mais do que um produto: é uma história, é uma arte, é uma cultura, é o saber fazer. Há que vendê-lo como um todo, não só como um produto amarelo como uma cinta à volta", frisa José Matias.
Os queijos, mais ou menos curados ou amanteigados, compõem o grosso da oferta da Casa Matias, mas ela não se fica por aí. Também produz requeijão, doce de abóbora (e ainda outros doces e alguns enchidos, apenas para exportação). E na forja está a hipótese de avançar para a produção de uma manteiga.
Todavia, esse é apenas um pormenor nos projectos futuros da família Matias. Daqui a pouco mais de um mês será inaugurada a nova unidade de produção da empresa, um investimento "de três milhões de euros, extremamente arrojado, que está dotado das ferramentas tecnológicas mais avançadas". E, no mesmo sítio, lá para o Verão, surgirá o Museu do Queijo, "para aproximar o produto das pessoas".
Resumindo: a Casa Matias continua a crescer e a reinventar-se. Mas, no centro de tudo, ainda está a família. "A conjugação das qualidades todas da nossa família é que nos permite este sucesso", garante José Matias, lembrando o "prazer" que lhe dá guiar a empresa da família: "É uma realização pessoal, isto está-me no sangue."