Congresso do PS, o da transição para uma nova liderança
O congresso do PS, que se realiza no próximo fim de semana em Portimão, será o da transição para uma nova liderança do partido. Em 2023, ano em que Costa diz se se recandidata, haverá muito provavelmente novo líder - ou antes se houver algum acidente de percurso -, que até pode ser uma mulher, pois não creio que António Costa se recandidate. O sonho europeu ou a Presidência da República, mais o primeiro, terão maior peso do que a liderança do PS.
Mariana Vieira da Silva diz, em entrevista, que o PS irá ter, inevitavelmente, uma secretária-geral, o que abre caminho, não a ela, devido à sua tenra idade, mas a Ana Catarina Mendes, a atual líder parlamentar, que Costa veria com agrado como sua sucessora.
Do lado masculino, Pedro Nuno Santos será um possível candidato, dado não me parecer que Fernando Medina o seja, muito 'chamuscado' com a divulgação de dados à Rússia. As possibilidades de Pedro Nuno Santos vir a ser o novo líder penso que têm também força, pois não sei, sinceramente, quem as bases do partido irão escolher entre ele e Ana Catarina Mendes.
Na hora da partida, falta só um mandato, ou menos, repito, se houver algum imprevisto, seria injusto não enaltecer o trabalho de António Costa como líder do PS e em prol do país, como primeiro-ministro. A política económica do seu Governo, que levou Mário Centeno à presidência do Eurogrupo, representou um corte total com a austeridade alemã, contrastando, de forma viva e gritante, com a submissão de Passos Coelho a Merkel.
Costa conseguiu o melhor défice da nossa democracia, o melhor crescimento do século e baixou o desemprego, para níveis históricos. E teve ainda, em seu forte abono, o novo arco da governação, constituindo com o PCP e BE a experiência política, vulgo 'geringonça', que melhor se identificou, quanto a mim, com os ideais do 25 de Abril.
De realçar também as suas preocupações sociais, com a política de distribuição de rendimentos, e sem cortes nos salários nem nas pensões.
A defesa intransigente do Serviço Nacional de Saúde e o trabalho notável a bem do nosso desporto, que conheceu os seus anos de ouro, foram outros marcos importantes da governação do atual primeiro-ministro.
Mais emprego, melhor crescimento, maior igualdade foi o seu lema e por ele norteou toda a sua ação política.
Se o congresso do PS será de transição, Costa, pelo contrário, não foi uma figura de transição, sabendo-se quão pouco amável a história é com estas. Foi, indiscutivelmente, dos melhores primeiros-ministros que o país teve. Ninguém o poderá condenar se, em 2023, decidir seguir outros rumos. A pandemia não estava nos seus planos, mas ele, citando Guterres, costuma dizer com hombridade: é a vida!