Congresso brasileiro recebe líderes indígenas à margem de ação de protesto

Brasília, 25 abr 2019 (Lusa) - Líderes indígenas reuniram-se hoje com deputados em Brasília para discutir direitos sobre a terra e o papel das suas comunidades na proteção do meio ambiente, à margem de protestos contra as políticas do Presidente, Jair Bolsonaro.
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A reunião na Câmara dos Deputados brasileira aconteceu no segundo dia do Acampamento da Terra Livre, um protesto anual de três dias de grupos indígenas realizado na capital do país sul-americano.

Mais de mil indígenas montaram tendas na Esplanada dos Ministérios, na capital brasileira, na quarta-feira e iniciaram protestos contra a promessa do Presidente, Jair Bolsonaro, de incentivar a expansão da indústria mineira e da agricultura industrial em áreas indígenas protegidas.

"O que está em disputa é a terra", disse Sonia Guajajara, líder indígena e ex-candidata à vice-presidência do Brasil.

"[Bolsonaro] quer dar os territórios indígenas para os Estados Unidos, para estrangeiros, explorarem os nossos recursos naturais. Nós lutamos não apenas pelos nossos direitos constitucionais, mas pelo nosso direito de existir", disse Guajajara em conferência de imprensa na quarta-feira.

Logo após a sua tomada de posse em 01 de janeiro, Bolsonaro passou para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a responsabilidade de identificar, delimitar e fazer as demarcações de terras indígenas a partir deste ano. Até então, o processo ficava a cargo da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Segundo Sonia Guajajara, Bolsonaro está a "entregar a vida dos indígenas nas mãos dos ruralistas [proprietários de terras], porque esse é o ministério do agronegócio".

Na quarta-feira, durante uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Ivan Valente disse que entregar a demarcação de terras indígenas ao Ministério da Agricultura é como deixar "a raposa a tomar conta do galinheiro".

Maia respondeu que iria pressionar para desfazer as mudanças realizadas por Bolsonaro, quando as propostas surgissem para debate.

Colocar a Funai novamente sob a tutela Ministério da Justiça "parece", disse, a decisão "mais razoável, a mais racional, a que garante mais segurança para cada um de vocês", dirigindo-se aos indígenas.

Guajajara afirmou aos jornalistas que os líderes indígenas continuarão a opor-se aos planos de Bolsonaro.

"Estamos em Brasília para mostrar que a nossa resistência é forte e que o nosso compromisso com os nossos povos é maior do que qualquer imposição. Não vamos aceitar esses ataques com os braços cruzados", reforçou Sonia Guajajara.

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