Condutor da Madeira com 2,89 de taxa de alcoolemia
O motorista do autocarro de turismo que ontem capotou na Madeira, vitimando cinco turistas de nacionalidade italiana e causando 38 feridos, apresentou 2,89 gramas de álcool por litro de sangue, confirmou ao DN fonte policial.
O DN sabe, ainda, que as entidades regionais aguardam os resultados da contra-análise a cargo do Hospital de Coimbra. De acordo com uma fonte do Ministério Público, o motorista, Eusébio Ribeiro, poderá ser acusado de homicídio involuntário, agravado por negligência grosseira, tendo em conta a condução sob o efeito do álcool.
Mas mesmo que este crime não venha a ter enquadramento doloso, a exemplo da moldura penal aplicada aos indíviduos que de forma deliberada conduzem em contra-mão provocando vítimas mortais, os 3 a 8 anos a que poderá vir a ser condenado terão de ser multiplicados por cinco, já que é esse o número de mortos (ver caixa).
De acordo com Nuno Homem Costa, presidente do conselho de administração da empresa Horários do Funchal (HF) - de capitais públicos e tutelada pelo Governo Regional -, à qual pertencia o autocarro acidentado, Eusébio Ribeiro era considerado "um excelente profissional". Com cerca de 40 anos e a viver com a mãe, Eusébio Ribeiro ingressou nos quadros da empresa em 1997 e trazia já consigo a experiência de condutor de autocarros de turismo. Sujeito a exames médicos anuais obrigatórios, não consta qualquer referência clínica negativa.
Por outro lado, Homem de Costa considera "estranho" que os jornalistas noticiem elevadas taxas de alcoolemia. "Não há nenhum dado oficial sobre essa matéria pois o processo está a decorrer no Ministério Público e encontra-se em segredo de justiça." "Quanto à contra-análise, está em Coimbra. Nestes casos é normal fazer tudo a fim de recolher os elementos de prova para a investigação", afirmou.
Entretanto, a HF suspendeu o motorista, que continua a ser acompanhado pelo corpo médico da empresa. Para além dos trâmites judiciais em curso, a HF abriu um inquérito interno. Neste âmbito, Nuno Homem Costa reitera que "diariamente", por "amostragem", são realizados testes de despistagem aos seus condutores.
Contudo, fontes ligadas aos bombeiros acusam a PSP de falta de controlo, por "raramente fazerem uma operação stop aos carros de turismo". Nuno Homem de Costa, antigo comandante da PSP na Madeira, recusa aceitar essa crítica, dirigida aos agentes de trânsito do comando regional. "Isso não é verdade. Os autocarros de turismo têm tratamento igual aos restantes", declarou.
Recorde-se que nos últimos anos o número de acidentes na região tem vindo a aumentar, sobretudo a partir da construção de rotundas, vias rápidas e túneis, cujo piso por vezes apresenta problemas para as velocidades permitidas, a que os ilhéus não estavam acostumados.
No Hospital Central continuam duas pessoas em perigo de vida, uma mulher e um bebé, que apresenta melhorias, embora inspire ainda sérios cuidados. Filomeno Paulo, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Funchal, adiantou ao DN que permanecem no hospital mais oito feridos, em recuperação.
Quanto ao navio-cruzeiro, partiu ontem para Málaga cerca da meia-noite. Em São Vicente, local onde se deu o desastre, a autarquia decretou luto municipal. Para além da tragédia humana, o turismo pode sair prejudicado, já que a Itália é um país com excelentes relações com a Madeira e a notícia do acidente correu mundo.