Condenado à morte quer execução filmada

Um condenado à morte que deve ser executado na próxima quarta-feira no Missouri reclamou perante a justiça o direito de filmar a sua execução, como forma de provar o sofrimento que acredita vir a sofrer.
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A menos que seja suspensa a execução de Russell Bucklew, programada para 21 de maio, em Bonne Terre, no Missouri, esta será a primeira a ser realizada nos Estados Unidos depois daquela que correu mal no dia 29 de abril, no Oklahoma.

Russell Bucklew, condenado à morte pelo homicídio do seu rival e violação da sua ex-namorada, afirmou, numa denúncia apresentada hoje, que sofre de tumores vasculares do cérebro e pescoço, bem como distúrbios circulatórios, e, portanto, vai de certeza suportar as mesmas aflições que o condenado de Oklahoma.

A sua queixa, de 15 páginas, enviada a um tribunal federal do Missouri, pede a filmagem da execução com o fim de "preservar a evidência crucial" de que o processo utilizado viola a 8.ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que proíbe a punição cruel e incomum.

Um anestesista que examinou o condenado registou, num relatório apresentado ao tribunal, que "Bucklew corre um alto risco de asfixia e sufocamento durante a execução, devido à obstrução parcial das vias aéreas e complicações devido a angiomas congênitos "que podem provocar hemorragias".

"O vídeo da execução pode ser utilizado para futuros processos judiciais, dos descendentes de Bucklew, de si mesmo ou qualquer outro prisioneiro", refere o documento, citado pela AFP.

"É uma evidência vital a ser preservada, a fonte mais confiável de informações sobre o que realmente vai acontecer durante a execução", acrescenta.

A controvérsia surgiu após a execução de 29 de abril, em Oklahoma, de Clayton Lockett, que morreu, aparentemente de dor, 43 minutos após a aplicação dos produtos de injeção letal, cuja origem foi mantida em segredo.

"Se os responsáveis do Missouri estão confiantes o suficiente para executar Russell Bucklew, devem consentir a filmagem. Está na hora de levantar o véu sobre as injeções letais", disse Cheryl Pilatos, advogado do condenado, em comunicado.

"A única coisa que sabemos é que o Missouri usa pentobarbital feita por um técnico de farmácia (...) não sabemos nada sobre a sua qualidade, força, eficácia, ou de onde vem, como foi feito, se o estabelecimento ou farmacêutico possui uma licença ou até mesmo se a droga foi testada. Ela pode vir de um veterinário, de um canto obscuro da Internet ou ter sido feita no porão de alguém", critica.

Por esta razão, o advogado apresentou também uma petição para suspender a execução. Cinco meios de comunicação social dos Estados Unidos também se queixaram para obter informações sobre o barbitúrico utilizado.

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