Concurso para canais privados na TDT em 2017
A menos de duas semanas do arranque da RTP3 e RTP Memória na televisão em sinal aberto, o ministro da cultura garante que será já no próximo ano que abrirá o concurso público para as duas frequências ainda disponíveis na televisão digital terrestre (TDT). "No ano que vem temos de começar o processo, em contacto com as entidades reguladoras do setor. Vamos trabalhar nisso", garantiu Luís Filipe de Castro Mendes, explicando que ainda não há "contactos formais" para o avanço do processo.
A entrada dos dois canais RTP na TDT foi contestada pelos operadores privados de televisão e, em setembro passado, Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa, chegou mesmo a afirmar que tanto a SIC como a TVI estavam a ponderar agir "judicialmente contra a evolução deste processo legislativo". Algo que, até ao momento, ainda não aconteceu.
A Casa Cadaval, em Muge, Salvaterra de Magos, foi o local escolhido para a apresentação oficial da entrada dos canais RTP3 e RTP Memória na TDT. "Quisemos, simbolicamente, fazer esta apresentação fora de um centro urbano para ilustrar o impacto que tem alargar a oferta da TDT a todas as regiões", explicou Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração da RTP. Segundo dados oficiais da Autoridade Nacional de Comunicações, existe cerca de um milhão de lares que não têm televisão paga. Ou seja, têm disponíveis, até 1 de dezembro, cinco canais, uma das mais pobres ofertas de televisão digital terrestre da Europa.
Além do fator "inclusão", o presidente da RTP salientou que a entrada dos novos canais na oferta da televisão digital terrestre simboliza mais trabalho para o setor audiovisual. "Vai gerar muitas oportunidades a toda a indústria de conteúdos." Questionado sobre se a rede de distribuição do sinal - gerida pela Portugal Telecom - está preparada para transmitir os dois novos canais, Gonçalo Reis assegurou que essas condições estão acauteladas. "Temos vindo a trabalhar nos últimos meses para assegurar tecnicamente aquilo que já está absolutamente garantido, que é o arranque das emissões." Posição reafirmada pelo ministro da Cultura. "A PT tem um sistema de controlo e deteção das falhas de transmissão e há casos em que as pessoas têm os aparelhos [descodificadores] defeituosos. A PT é capaz de detetar os problemas antes das pessoas se queixarem e, quando se queixam, vão imediatamente verificar o que se passa. A difusão está feita, na maior parte por via terrestre, em algumas partes por satélite mas, basicamente, cobre todo o território nacional."
Foi também enfatizado o simbolismo da presença da RTP3 no serviço televisivo não pago, tornando-se, assim, o primeiro canal de notícias em sinal aberto em Portugal. "Esta ida também implica que deverá haver mais país na antena da RTP3", salientou Gonçalo Reis. António José Teixeira, diretor adjunto de informação da RTP, reforçou essa "responsabilidade" e enumerou as prioridades do canal. "Queremos alargar os espaços informativos na nossa grelha. Queremos mais Portugal na nossa informação. Temos esse compromisso de mostrar mais informação relevante do país. Queremos que essa informação corresponda a um maior sentimento de identidade que o país deve partilhar e conhecer. E queremos mais mundo."
A RTP2 é o canal que vai introduzir alterações mais significativas na sua programação (ver caixa). "A tarefa da RTP2 é deslumbrar as pessoas e, por sabermos que é difícil, decidimos começar esta diferença com um público que tem desprezo pela televisão e de quem todas as televisões fogem a sete pés: os adolescentes", explicou Teresa Paixão, diretora da RTP2.