Concorrência obriga gasolineiras a reduzir número de funcionários
Primeiros despedimentos estão previstos para o final deste mês
As gasolineiras de Viseu estão a registar grandes quebras na venda de combustíveis, sobretudo desde que o hipermercado Jumbo (do grupo Auchan) abriu na cidade uma bomba com preços inferiores aos praticados no mercado. Ao que o DN apurou alguns postos de abastecimento preparam-se para despedir já no final do mês os primeiros empregados.
As bombas localizadas na cidade e que antes da abertura do hipermercado registavam grande afluxo de clientes serão as primeiras a reduzir o número de trabalhadores. Na gasolineira da Praça Carlos Lopes, onde há oito funcionários, três já receberam carta de despedimento com efeito a partir do final de Setembro. Na bomba da Rua Capitão Homem Ribeiro, que tem seis trabalhadores, dois vão sair. Também a gasolineira da Via-Sacra, que trabalha 24 horas e dispõe de seis funcionários, vai dispensar um trabalhador.
Nas aldeias do concelho, a quebra de clientes também já se começa a notar e no posto de Vila Chã de Sá um dos quatro trabalhadores já foi informado de que será dispensado. Nas outras bombas do concelho o panorama é semelhante: "Nem as campanhas que levamos a efeito, algumas com reduções de oito cêntimos, nos valem", afirma Manuel João, da bomba de Oliveira de Barreiros. António Santos, funcionário no posto da Capitão Homem Ribeiro, contou ao DN que "a quebra diária de venda de gasóleo ronda os seis mil litros". Nas outras gasolineiras, a situação é semelhante: "Agora pouco ou quase nada fazemos", revelou fonte de outra bomba de gasolina.
Em Maio, quando o hipermercado Jumbo abriu, o preço dos combustíveis levou uma reviravolta: gasóleo a 99 cêntimos e gasolina 95 sem chumbo a 1,26 euros. Preços que ainda hoje se mantêm e que originam longas filas de viaturas à espera de vez para abastecer.
Oficialmente, o Jumbo não presta declarações, mas um responsável da grande superfície comercial de Viseu disse ao DN que "esta é a nossa sexta bomba e queremos crescer nesta área de negócio dando sempre preços baixos aos clientes e cumprindo as leis do mercado". A mesma fonte assegura que "a empresa não pratica dumping".
Apesar da preocupação dos funcionários face aos despedimentos, os responsáveis das bombas remetem esclarecimentos para a sede das gasolineiras.
Gualter Mirandez, presidente da Associação de Comerciantes de Viseu, acredita que "esta é uma situação legal, mas dado o grande peso económico dos hipermercados, eles conseguem garantir outras condições que esmagam por completo as pequenas empresas. Por enquanto, vamos tendo despedimentos, no futuro teremos encerramentos", alerta.