Concessionários contestam obras nos pontões

Publicado a
Atualizado a

Na memória ainda está bem presente a invasão do mar que destruiu grande parte dos bares das praias de São João de Caparica em Fevereiro de 2001. Cinco anos depois, e já deslocadas para longe da água todas as instalações, as marés das últimas semanas voltaram a engolir as dunas e deixaram um rasto negro depois de sugado o areal.

Apesar de afirmarem não serem técnicos, os concessionários dos bares da zona referiram, em conferência de imprensa que decorreu ontem no Kontiki Bar, que "algo está mal". E prometem não cruzar os braços para que a situação da praia se resolva.

"Fizeram-se os pontões aqui na Costa da Caparica há quarenta anos. Agora, decidiram reforçá- -los nos mesmos sítios, como se durante este tempo todo nada tivesse mudado", queixa-se Luís Mariano Vítor, proprietário da Praia do Sol.

As obras de fortalecimento da orla costeira da Costa de Caparica continuam, mas deixam muitas dúvidas em quem diariamente observa o avanço das marés: "As praias das pontas são as mais danificadas e o mar começou a cavar as dunas mesmo depois dos pontões serem reforçados", reconhece o proprietário do Kontiki Bar, Vítor Cerqueira, para realçar que "não foi a praia que encolheu, mas sim a duna que acabou engolida pelo mar".

Num Inverno "que nem sequer foi muito rigoroso", o resultado é pior do que se poderia supor e os concessionários dos estabelecimentos das praias temem já as marés da próxima semana que se adivinham fortes.

A área mais afectada pelas últimas correntes é a que se encontra junto às obras dos pontões do lado do percurso pedonal da Costa de Caparica e é a prova de que os recentes investimentos no reforço da costa "não estão a correr bem".

Sem "grandes conhecimentos de engenharia", Vítor Cerqueira queixa-se do desconhecimento da população local e da impotência das autoridades, mas arrisca soluções: "Para a praia crescer era preciso estender o pontão do lado da Trafaria porque ajudava a travar o mar."

Turismo sem praias

Em vez de rocha, os donos dos bares Kontiki, Pé Nu, Praia do Sol, Bicho d'Água e Palmeiras querem mais areia, depois de um carregamento efectuado há somente dois anos.

Numa das paredes do bar Kontiki, uma fotografia não muito antiga, de 1997, recorda o tempo em que as praias de São João tinham um longo areal. Parece uma realidade muito antiga, mas não, passaram apenas 9 anos. Hoje, o cenário é muito diferente e leva Vítor Cerqueira a lançar um desabafo: "Falam tanto de turismo, mas no fundo parece que querem que as praias da região de Lisboa desapareçam de vez."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt