Concentração de burros para incentivar preservação dos animais
Segundo Luís Marques, presidente da associação que organizou o evento anual, que incluiu um desfile dos jumentos participantes, a ideia surgiu "há três anos, com o objectivo de dinamizar a aldeia e divulgar os valores tradicionais".
Como a localidade, que pertence à freguesia de Casal de Cinza, "possui um grande número de burros", a organização decidiu avançar com a realização do evento, também com o objectivo de incentivar os habitantes na manutenção dos animais, contou.
Apesar destes animais já serem pouco utilizados na agricultura, tendo sido substituídos pelos tractores, Luís Marques assume que em Carpinteiro "continuam mais ou menos os mesmos exemplares", não notando um decréscimo no seu número de ano para ano.
"É seguramente a localidade da freguesia de Casal de Cinza que tem mais jumentos que ainda são utilizados para as actividades agrícolas", disse à agência Lusa o presidente da Junta de Casal de Cinza, José Rabaça.
Segundo o autarca, devido à realização do evento anual, "muito pessoal novo tem o seu burrito, nem que seja só para o apresentar no dia da concentração".
É o caso de Célia Maria, 40 anos, que tem uma burra com quatro anos, a ´mimosa` que acolheu "quando tinha dois anos e meio".
Adianta que o animal, com que marcou presença no evento, passa os dias "a comer, a dormir e a brincar".
Dos 19 asnos existentes na aldeia, participaram 17 na concentração de domingo, (apenas dois dos 19 presentes eram de aldeias vizinhas) que incluiu um desfile dos animais, a grande maioria com carroça.
Os jericos foram decorados "à maneira do dono" e nas carroças constavam motivos etnográficos da terra.
Após o cortejo pela rua principal da localidade, foram entregues certificados de participação a todos os presentes e prémios aos três primeiros classificados.
O burro chamado ´pardo`, de Deolinda Tomé, que puxava uma carroça alusiva à actividade de padeiro, ficou em primeiro lugar.
A burra ´princesa`, de António Santos, decorada com motivos da Cruz Vermelha e com uma alusão à Gripe A, ficou em segundo.
O terceiro prémio foi para o jerico ´macaco`, de Joaquim Morgado, que transportava um moinho de milho.
Durante o desfile, os animais eram acompanhados pelos respectivos donos que, de forma orgulhosa, exibiam os seus exemplares aos vizinhos, amigos e visitantes.
Humberto Costa, 76 anos, participou com o ´chico`, animal que comprou há 30 anos e utiliza no dia-a-dia "para transportar o motor de rega, lenha e muita coisa".
Joaquim Cardoso, 91 anos, que puxa pela rédea do seu ´boneco` há "mais de 30 anos", assume que "um burro é uma cestinha de mão".
"O burro é as minhas pernas. Vou para os quintais e vou com ele", diz, por seu turno, Dolorosa Rodrigues, 73 anos.